Flecha pré-viking é achada na Noruega

Daniela Marinho
Flecha pré-viking descoberta na Noruega. Imagem: Espen Finstad

Os povos nórdicos, tribos e clãs com línguas e costumes semelhantes que habitavam a Escandinávia — localizada na porção setentrional do continente europeu — entre os anos de 793 EC a 1066 EC, ficaram conhecidos por vikings. Durante a Alta Idade Média, eles conquistaram territórios na França e Inglaterra. Recentemente, uma flecha pré-viking foi achada na Noruega em decorrência do derretimento de gelo.

A descoberta só foi possível graças ao recuo do gelo no terreno. A flecha, incrivelmente preservada, foi encontrada juntamente com outros artefatos. No entanto, enquanto a flecha pré-viking data do século VI — 200 anos antes do surgimento dos vikings, a segunda peça descoberta, que também é uma flecha, é, provavelmente, do século IX. Ambas foram achadas no sítio arqueológico do século VI.

Mudança climática

Durante uma pesquisa desenvolvida em agosto, arqueólogos que realizam trabalhos na Noruega encontraram a flecha perto de um local em que havia caça de renas. Em perfeito estado, o artefato tem a haste feita de pinho, com uma ponta de ferro.

Com o derretimento do gelo causado pelas mudanças climáticas, principalmente em regiões como a Escandinávia, a descoberta de itens dessa ordem já não tem sido incomum. Por esse fator ambiental, mais objetos antigos têm sido encontrados durante as pesquisas dos arqueólogos.

A flecha foi encontrada num penhasco, mas deve ter origem na encosta. Esse “detalhe” leva os pesquisadores a acreditar que o objeto teria caído quando o gelo derreteu.

Nesse contexto, é irônico que a mudança climática, um problema preocupante que tem sido potencializado pelas ações humanas, dê espaço para a descoberta arqueológica fundamental em diversos campos de estudo.

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Queima de combustíveis fósseis. Imagem: Canva

De acordo com Lars Holger Pilø, arqueólogo que participou da pesquisa, “a arqueologia glacial é um campo em desenvolvimento, trazido pelas mudanças climáticas. O gelo das altas montanhas está derretendo, o que levou à exposição de artefatos na América do Norte, Mongólia, Alpes e Escandinávia. O maior número de achados e sítios no mundo são relatados no condado de Innlandet, na Noruega”.

Ainda sobre a mudança climática, Holger alerta para a necessidade em realizar um trabalho rápido, visto que os artefatos podem ser conservados pelo gelo, mas podem ser danificados caso estejam expostos: “os artefatos são preservados pelo gelo e pelo ambiente frio. A maioria dos artefatos derreteu do gelo uma ou mais vezes no passado, e isso explica as diferenças na preservação. Quanto maior a exposição, pior a preservação.”

Ação antropogênica

As atividades humanas, como queima de combustíveis fósseis, desmatamento, queimadas, agropecuária, produção de metano e outros produtos químicos, estão relacionadas à mudança climática antropogênica, uma vez que todas essas ações alteram a composição da atmosfera, resultando no aumento dos gases de efeito estufa (GEE). Dessa maneira, quanto mais alta a quantidade de GEE na atmosfera, mais a temperatura do planeta aumenta.

Vale salientar que o efeito estufa é de suma importância para a Terra. Contudo, o acúmulo de GEE devido às emissões antropogênicas eleva a temperatura média do planeta, ocasionando problemas irreversíveis, como o derretimento das calotas polares e o aquecimento global.

Embora o derretimento pareça positivo em certo sentido, Holger explica no estudo que “o derretimento maciço de artefatos agora está ligado à mudança climática antropogênica. O gelo da montanha está recuando rapidamente e isso libera os artefatos que foram preservados pelo gelo por milhares de anos. […] Precisamos aumentar nossos esforços para salvar essa história de um mundo em derretimento antes que o gelo desapareça e os achados sejam perdidos.”

Outras descobertas

Além da flecha, um par de esquis com 1.300 anos de idade foram achados no mesmo sítio. A cada nova campanha, outros achados vêm à tona, como Lendbreen e Langfonne, ambos eram locais – passagem – considerados perdidos ou que abrigavam itens antigos.

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