Fêmea de mamute impressiona cientistas com rota de 1.000 km

Infelizmente encontrou humanos no seu caminho.

Felipe Miranda
Imagem: Julius Csostonyi

Élmayųujey’eh, ou Elma, foi uma fêmea de mamute que caminhou mais de mil quilômetros até encontrar humanos e, provavelmente tornar-se um alvo de caçadores. E espécime de mamute-lanoso descoberto em 2009 que viveu há 14 mil anos na América do norte. O nome foi dado pelo Healy Lake Village Council, a tribo do local onde a presa de Elma foi encontrada.

Por meio de análises de isótopos de do DNA do mamute, os pesquisadores conseguiram identificar uma viagem que o mamute realizou. Sim, eles conseguiram traçar uma viagem feita por um mamute há 14 mil anos.

O estudo foi publicado pela equipe de cientistas no periódico Science.

A fêmea de mamute que caminhou mais de mil quilômetros há 14 milênios

“Ela vagou pela região mais densa de sítios arqueológicos do Alasca”, disse em um comunicado Audrey Rowe, uma estudante de doutorado da Universidade do Alasca em Fairbanks, e autora principal do estudo. “Parece que essas primeiras pessoas estavam estabelecendo campos de caça em áreas que eram frequentado por mamutes”.

A mamute foi identificada através de suas presas. Descobertas em 2009 por Charles Holmes, professor e pesquisador de antropologia na UAF (Universidade do Alasca em Fairbanks), e François Lanoë, pesquisador associado em arqueologia no Museu do Norte da Universidade do Alasca.

Junto a Elma, os pesquisadores encontraram restos de dois jovens mamutes relacionados. Junto aos animais, os pesquisadores encontraram, também, restos de fogueiras evidências do uso de ferramentas de pedra, além de restos de caças de outros animais.

Ben Potter, arqueólogo e professor de antropologia da UAF disse que a descoberta desses itens “indica um padrão consistente com a caça humana de mamutes”.

Por meio de milhares de amostras das presas de Elma, os pesquisadores tentaram entender um pouco de sua vida, já que muitos marcadores geográficos e temporais ficam registrados nos dentes dos animais.

“Ela era uma jovem adulta no auge da vida. Seus isótopos mostraram que ela não estava desnutrida e que ela morreu na mesma estação do campo de caça sazonal em Swan Point, onde sua presa foi encontrada”, explica no comunicado Matthew Wooller, autor sênior do estudo e diretor do Alasca Stable Isotope Facility e professor da Faculdade de Pescas e Ciências Oceânicas da UAF.

fêmea de mamute que caminhou mais de mil quilômetros há 14 mil anos
Imagem: JR Ancheta / UAF

As amostras de suas presas mostraram, aos pesquisadores, a rota em que traçou e o trajeto de aproximadamente mil quilômetros que percorreu por alguns anos nas proximidades do atual Alasca e noroeste do Canadá.

Elma morreu provavelmente como um alvo de caçadores com uma idade prematura – de apenas 20 anos.

Isso ajuda a entender mais sobre o comportamento dos mamutes, área muito pouco conhecida pelos pesquisadores.

Há muito mais para se estudar sobre os mamutes

Os mamutes eram grande animais hoje já extintos.

Os seres humanos os caçavam durante a pré-história, contribuindo para sua extinção. Hoje, a ciência tenta entender mais sobre o passados do mamutes por meios de todas as análises possíveis.

“Os mamutes-lanosos (Mammuthus primigenius), uma espécie icônica da era do gelo, estão passando por um renascimento cultural, científico e talvez até literal decorrente de novas evidências de populações sobreviventes tardias”, disse a equipe na introdução do artigo.

Os pesquisadores explicam que o comportamento dos mamutes “permanece em grande parte enigmático, apesar de sua importância para nosso crescente interesse em como os mamutes sobreviveram, por que eles foram extintos e o que eles poderiam precisar para viver em nosso mundo moderno”.

Há um período de aproximadamente 1 milênio em que humanos e mamutes coexistiram, e é principalmente esse período da história dos mamutes que os pesquisadores tentam entender. Assim, eles podem entender um pouco mais sobre a extinção dos mamutes e o impacto da humanidade nisso, além da relação dos grandes animais com o ser humano.

Por exemplo, os pesquisadores citam a possibilidade de que “o uso humano de marfim e ossos de mamute visto nesses contextos arqueológicos pode ter derivado da remoção de animais recentemente falecidos ou mortos há muito tempo, e as pessoas podem ter desempenhado um papel menos direto em conjunto com as mudanças climáticas”.

Compartilhar