Exoplanetas ricos em carbono podem ser compostos por diamante

Felipe Miranda
(Créditos da imagem: Shim / ASU / Vecteezy).

O diamante nada mais é do que do que um alótropo do carbono – ou seja, uma substância originada a partir de um elemento completamente diferente. E se eu te disser que alguns exoplanetas podem ser compostos por diamante?

O carbono é o principal ingrediente da vida. Essa importância toda, portanto, se dá ao número de ligações que ele é capaz de fazer – quatro ligações. Isso significa que ele pode formar diversos arranjos, sendo extremamente versátil.

Por exemplo, o grafite é uma forma de carbono, assim como o diamante. Além disso, alguns automóveis também são fabricados em fibra de carbono. Outro exemplo é o grafeno, um grande candidato a supercondutor.

Abaixo, você pode ver alguns dos alótropos do carbono. Sendo: a) Diamante, b) Grafite; c) Lonsdaleíta; d) C60 (Buckminsterfullereno); e) C540 (Fulereno); f) C70; g) Carbono amorfo; h) nanotubo de carbono de parede simples.

Eight Allotropes of Carbon

Embora o grande valor dado a ele, o diamante é apenas uma forma do carbono em grandes pressões. Nada mais natural do que o diamante se forme em grande quantidade em alguns locais.

Em um estudo publicado no The Planetary Science Journal, pesquisadores da Arizona State University e da University of Chicago estudaram a possibilidade de formação de diamante no interior de exoplanetas.

“Esses exoplanetas são diferentes de tudo em nosso sistema solar”, disse em um comunicado Harrison Allen-Sutter. Sutter é da Escola de Exploração da Terra e do Espaço da Arizona State University. 

Por que isso é possível?

Para o surgimento de exoplanetas compostos por diamante, no entanto, é necessário muito carbono. Uma estrela e os planetas se formam com poeira e gás restantes da explosão de uma estrela.

Se nessa nuvem de poeira houver carbono em uma grande quantidade, além de uma boa disponibilidade de água, os diamantes podem facilmente se formar. 

A Terra por exemplo, possui, em sua composição, apenas cerca de 0,001%. Entretanto, esses planetas ricos em carbono poderiam ter uma fração realmente grande de diamante. 

Para testar a ideia teórica, portanto, os cientistas fizeram um experimento. Utilizando células de bigorna de diamante, que geram pressões incrivelmente altíssimas, eles foram capazes de simular o interior de um planeta.

No equipamento, eles inseriram carboneto de silício e água. Após os ingredientes preparados, eles aqueceram a amostra com laser e as adicionaram no ambiente de alta pressão.

Nesse ambiente, o carboneto de silício reagiu com a água. O resultado foi diamante e sílica, e é exatamente essa reação que eles esperam que ocorra. Da mesma forma, interiores de planetas são ambientes de altíssima pressão e temperatura.

No entanto, isso não significa que alguém poderia simplesmente enviar para lá uma nave, extrair diamantes e deixar todo mundo rico. Mesmo que isso fosse possível, o diamante perderia o valor.

Metais e pedras raras só são tão caros, no entanto, por serem raros. Mas se há muito, eles perdem o valor. Isso chama-se inflação. Se há muito dinheiro sem lastro, ele também perde o valor, por exemplo.

“Independentemente da habitabilidade, esta é uma etapa adicional para nos ajudar a compreender e caracterizar nossas observações cada vez maiores e aprimoradas de exoplanetas”, explica Allen-Sutter.

O estudo foi publicado no periódico The Planetary Science Journal. Com informações de Arizona State University.

 

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