As altas montanhas dos Andes no Peru são o paraíso dos beija-flores, porque são ricas em néctar de flores silvestres e pobres em predadores. Só não é o paraíso completo por um problema: o frio. Mas o beija-flor preto consegue entrar em um estado de animação suspensa, tornando-se “frio como uma rocha”.
Isso explica como um pássaro de seis gramas que precisa do néctar de 500 flores por dia para sobreviver obtém energia extra suficiente para uma noite inteira.
Como o beija-flor preto congela?
As temperaturas noturnas nessas terras altas tropicais e chuvosas geralmente caem abaixo de zero.
Conforme a temperatura cai acompanhando o pôr do sol, esses beija-flores entram em um estado de animação suspensa conhecido como torpor.
Uma espécie, o rabo de metal preto (Metallura phoebe), resfria a 3,26° C, a temperatura corporal mais fria já registrada em um pássaro ou mamífero não hibernante, conforme relatam pesquisadores na publicação de 9 de setembro da revista Biology Letters.
“Eles são frios como uma rocha”, diz Blair Wolf, ecologista fisiológico da Universidade do Novo México em Albuquerque. Alguém desavisado poderia pensar que eles estão mortos a essa temperatura tão baixa.
Mas, na verdade, o resfriamento a temperaturas de quase morte permiti que os colibris economizem uma energia preciosa que lhes permite sobreviver à noite fria e se preparar para se alimentar no dia seguinte, relata Wolf.
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O torpor já havia sido observado em beija-flores, mas Wolf e seus colegas queriam uma imagem mais detalhada.
Então, colocaram 26 indivíduos de seis espécies diferentes em gaiolas durante a noite com termômetros retais em miniatura em suas cloacas.
Empoleirados e eretos, os pássaros apontaram os seus bicos para cima, afofaram as penas e pararam de se mover. Todas as espécies entraram em algum tipo de torpor, mas o colibri rabo de metal preto resfriou mais.
Sua temperatura caiu de uma temperatura diurna de cerca de 40° C para um pouco acima de zero.
Durante o dia, os corações minúsculos desses colibris pretos batem 1.200 vezes por minuto. Mas durante o torpor, seus batimentos cardíacos despencam para 40 batimentos por minuto.
Adaptação fantástica
Wolf explica que essas aves de grande altitude reduzem o uso de energia em cerca de 95% com essa queda espantosa.
Por não desperdiçar energia tentando se manter aquecidos, esses pássaros podem se desenvolver a até 5.000 metros acima do nível do mar. Isso é uma adaptação notável.
Então, perto do nascer do sol, esses colibris começam a acelerar e aquecem cerca de um grau por minuto com a vibração de seus músculos.
Como Wolf relata, “você vê o pássaro tremendo ali, então, de repente, seus olhos se abrem e ele está pronto para partir”.
Informações de Science News.