Como as tuataras vivem tanto tempo e podem suportar o clima frio

Erik Behenck
As tuataras surgiram antes mesmo dos dinossauros. Foto: SID MOSDELL / FLICKR.

Talvez você nem saiba quem são as tuataras, um tipo de lagarto, que parece muito comum. Elas são nativas da Nova Zelândia e possuem algumas características diferenciadas, inclusive podem viver até um século. As tatuaras são resistentes a muitas doenças infecciosas e possuem uma temperatura muito baixa em relação aos outros répteis.

Finalmente os cientistas estão descobrindo o porquê disso acontecer. Uma pesquisa publicada recentemente indicou como as tuataras sobrevivem tanto tempo, avaliando principalmente a habilidade que possuem para superar o frio.

Espécie vem perdendo espaço na Nova Zelândia

Cientificamente conhecidas por Sphenodon punctatus, pertencem a ordem das rincocéfalas, que foi difundida durante a Era Mesozoica, entre 66 e 252 milhões de anos atrás. Mas, com o passar do tempo as tuataras ficaram sozinhas, todo o restante da linhagem foi extinta. Elas possuem características de lagartos, tartarugas e pássaros, por isso chamam tanta atenção.

As tatuaras podem viver mais de um século
Uma tatuara, fotografada na Ilha Stephens, Takapourewa. (Imagem: Paddy Ryan)

As tuataras já foram localizadas em todo o território da Nova Zelândia, vivendo atualmente em ilhas e consideradas uma espécie vulnerável. A perda de habitat foi causada pela chegada de espécies invasoras, como ratos, assim como a elevação da temperatura foi algo ruim para a espécie.

O réptil é considerado um tesouro pelos povos maori, fazendo os pesquisadores compilarem o seu genoma. Tudo começou em 2012, com o biólogo evolucionário da Universidade de Otago, na Nova Zelândia, Neil Gemmell e uma equipe internacional de pesquisadores, um trabalho feito junto com o povo indígena Ngātiwai, considerados guardiões das tuataras.

Uma tatuara se alimentando no zoológico de Chester, Reino Unido, filmada por Neil Curtis, University of Hull.

Tuataras possuem uma enorme bagagem genética

É um genoma enorme, com aproximadamente 5 bilhões de pares de bases de DNA. Isso é cerca de dois terços maior do que o DNA dos humanos. Normalmente os genomas de lagartos e de cobras possuem 2 bilhões de pares, enquanto o das aves possui metade desse tamanho.

Por isso, os pesquisadores identificaram que essa espécie é mais parecida com as cobras e lagartos do que crocodilos, pássaros e tartarugas. Inclusive acreditam que as tuataras e sua linhagem evoluíram de cobras e lagartos, há 250 milhões de anos. Ou seja, é um grupo mais antigo do que os dinossauros.

Os pesquisadores conseguiram identificar os genes que devem ser os responsáveis pela vida longa dessa espécie. Acontece que possuem muitos genes envolvidos na produção de selenoproteínas, que ajudam a proteger o animal contra o envelhecimento e a deterioração celular. Além disso, quem sabe no futuro essa descoberta possa ajudar os humanos.

Essa espécie pode ainda conter um número diferenciado de genes TRP, que atuam na produção de proteínas ligadas à sensibilidade de temperatura e a regulação da temperatura corporal. São genes que possivelmente são os responsáveis por manter essa condição mais baixa do que nos outros répteis, entre 16ºC e 21ºC.

tuataras
o projecto do genoma da tuatara. (Imagem: Alexander Sur)

Conforme o genomicista comparativo do Instituto Europeu de Bioinformática e coautor Matthieu Muffato, ainda existem mistérios a ser revelados. “Publicar o genoma de tuatara é como descobrir um livro antigo”, diz Muffato. “Começamos a analisá-lo e decodificamos algumas das informações genéticas, mas ainda estamos muito longe de entender o genoma completo”, conclui.

A pesquisa foi publicada na revista Nature. Com informações de ScienceNews.

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