A supernova de Kepler é muito bonita. Já permanece muito brilhante há séculos. A explosão estelar ainda permanece com o mesmo brilho e o mesmo formato há mais 400 anos.
Embora não tenha sido descoberta pelo Kepler, ela leva seu nome porque o astrônomo foi um dos principais observadores, e quem mais publicou análises sobre ela.
Novas e supernovas levam esse nome graças à Tycho Brahe, um grande astrônomo observacional e mentor de Kepler. Ao ver uma nova estrela que surgiu no céu, Brahe publicou, em 1572, o livro “De stella nova” (A nova estrela, no português). Era a supernova SN 1572.
Mais tarde, descobrimos que não eram estrelas. Entretanto, as Novas, as Supernovas e as Hipernovas, três formas de mortes estelares, permaneceram com o mesmo nome. Dependendo do tipo da estrela, ela pode explodir em sua morte, e tornar-se um desses fenômenos.
Em um novo artigo, publicado no The Astrophysical Journal, e disponível em preprint no ArXiv, pesquisadores analisaram a supernova Kepler com o Observatório de Raios-X Chandra, da NASA.
O estudo foi liderado por Matthew Millard, da Universidade do Texas, em Arlington. A pesquisa complementa outro estudo, publicado por Toshiki Sato e Jack Hughes sobre as altas velocidades dos nós da supernova, em 2017, e que foram co-autores desta nova pesquisa.
A supernova de Kepler foi avistada pela primeira vez em 1604, logo que a luz de sua explosão chegou na Terra. Os remanescentes do que um dia foi uma estrela estão localizados a 20 mil anos-luz da Terra.
Ela foi originada de uma estrela anã branca, conforme descobriram os pesquisadores no estudo. Uma anã branca explode quando interage com uma companheira e excede seu limite de massa.
Como eles descobriram?
Conforme relatam os pesquisadores, as análises de raios-X demonstraram algumas características específicas, como densidade, abundância de Silício e Enxofre, além de pouco Ferro e Oxigênio.
Por meio destas características, portanto é possível entender o tipo de estrela que pode ter dado origem a essa explosão. O Silício, por exemplo, é queimado nas camadas externas da anã branca, o que pode explicar a sua abundância.
Com os dados do Chandra, os pesquisadores foram capazes de medir a velocidade de cada parte da supernova, graças às distorções da luz causadas pelo efeito doppler.
O vídeo abaixo, produzido pela NASA, ilustra rapidamente um pouco das movimentações observadas ao longo de muitos anos com o Observatório de Raios-X Chandra.
A energia liberada em uma supernova é tanta, que desde a explosão, há mais de quatro séculos, os pedaços da estrela continuam a vagar a mais de 47 milhões que quilômetros por hora pelo espaço, e o brilho continua imenso.
Esta alta velocidade dos nós, e a grande energia ainda liberada, mesmo considerando que os fenômenos em escalas astronômicas são, de fato, megalomaníacos, levam os cientistas a propor que a supernova de Kepler é uma supernova excepcional – com destaque para seu brilho.
Outra hipótese é a de que, simplesmente, há algumas regiões de densidades realmente pequenas pela nuvem de poeira cósmica. Portanto, alguns nós simplesmente não possuíam uma barreira para desacelerá-los.
O estudo foi publicado no The Astrophysical Journal.
Com informações de NASA.