Uma rara espada viking é encontrada em uma sepultura escocesa

Letícia Silva Jordão
Imagem: Historic Environment Scotland

Uma espada viking encontrada na Escócia em 2015, coberta de ferrugem, recebeu novas varreduras de raios-X que sugerem que ela ostentava decorações ricas. Essa arma do século IX foi um dos diversos artefatos vikings descobertos em um cemitério escondido na costa nordeste de Papa Westray.

O cemitério foi encontrado pelo proprietário da terra, que encontrou ossos humanos em uma cordilheira de areia. Os arqueólogos foram chamados para analisar o local, e confirmaram que se tratava de restos mortais de séculos de idade.

A partir disso a escavação se iniciou e foram descobertos diversos artefatos como seis pontas de flecha, uma fivela e duas saliências de escudo intactas que datam entre 850 e 950 d.C. Entre os artefatos, têm essa raríssima espada viking, que surpreendeu os cientistas por sobreviver por tanto tempo.

A espada viking encontrada é extremamente frágil

Por conta da extrema corrosão e ferrugem, a espada viking é um artefato frágil. Quando ela foi encontrada, os arqueólogos tiveram que levantar todo o bloco de solo em que a espada estava, para que ela fosse transportada até o laboratório forense, onde seria escavada de forma que o máximo de evidências fossem preservadas.

O ferro na espada viking foi corroído e muitos dos detalhes marcantes do artefatos só foram vistos por raios-X. A equipe de arqueólogos também conseguiu encontrar uma bainha fundida à lâmina por meio da mineralização, o que é algo muito raro já que poucas bainhas da era viking sobreviveram até hoje, o que torna a descoberta ainda mais especial.

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Imagem: Historic Environment Scotland

“A maioria das bainhas da Era Viking são feitas de um forro de lã invertido próximo à lâmina. Isso teria sido contido dentro de uma bainha feita de finos tornos de madeira, então amarrado — possivelmente com tiras de um tecido fino” disse Andrew Morrison, que está liderando o projeto.

As varreduras feitas no artefato mostram que o seu punho era altamente decorado, e apresentava um padrão parecido com o favo de mel. Nas proteções da parte superior e inferior da espada, os arqueólogos encontraram desenhos geométricos elaborados.

O artefato foi batizado de espada Mayback, em homenagem ao local em que foi encontrada, sendo que ela foi classificada como uma arma Pedersen Tipo D, considerada uma das mais pesadas utilizadas por esses antigos guerreiros.

Classificar espadas vikings não é uma ciência exata

Segundo os pesquisadores, apenas 30 ou mais espadas parecidas sobrevivem hoje. Metade delas foram encontradas na Noruega, mas também tem algumas que foram recuperadas na Irlanda, Eslováquia, Polônia e Rússia.

Porém, a espada viking encontrada é uma das duas espadas Tipo D conhecidas pelos estudiosos. A primeira delas foi escavada na década de 1830 na Ilha de Eigg na Escócia. Morrison observou que “as espadas tipo D precisam do equilíbrio de um cabo substancial para estabilizá-las”.

Essa classificação de espadas é uma tipologia do século XX criada por Jan Petersen que é baseada apenas nas armas de punho. Mas já é conhecido pelos cientistas que definir uma espada viking não é uma tarefa fácil. No National Museums Scotland, Adrian Maldonado escreveu que “dois estudiosos diferentes podem classificar uma espada de forma diferente usando o mesmo sistema”.

Andrew Morrison disse que a espada viking é “possivelmente um dos artefatos mais interessantes e completos [encontrados no local], esta rara sobrevivência terá muitas histórias para contar.”

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