Urano

Jônatas Ribeiro

Urano, o sétimo planeta do Sistema Solar, é comumente classificado como o terceiro entre os chamados planetas gasosos. Apesar de realmente compartilhar características com Júpiter e Saturno, contudo, também há muitas diferenças (sobretudo em composição química), suficientes para que Urano inaugure outra categoria de planeta, considerada mais apropriada: os planetas gelados.

Uma questão em que Urano está próximo aos gigantes gasosos, contudo, é a história de seu nome, que referencia o deus grego que era pai de Cronos (Saturno) e avô de Zeus (Júpiter). Urano é uma das entidades mais antigas da mitologia grega e representa o céu. Curiosamente, uma das propostas para nomeá-lo era Netuno, o deus dos mares, em comemoração às vitórias da marinha britânica na Guerra de Independência dos Estados Unidos, já que o planeta foi descoberto pelo britânico William Herschel, em 1781. Mesmo que o nome Urano tenha vencido a disputa de nomes dessa vez, o próximo planeta gelado a ser descoberto, de fato, se chamaria Netuno.

A descoberta de Herschel, diga-se de passagem, foi um marco na história da astronomia, expandindo pela primeira vez as fronteiras do Sistema Solar com auxílio de um telescópio. Apesar disso, pensava-se primeiro que Urano se tratava, na verdade, de um cometa. Observando sua órbita, contudo, a comunidade astronômica logo percebeu que havia sido descoberto o sétimo planeta do Sistema Solar.

Órbita e eixo

anéis de urano
Imagem: Hubble Space Telescope – NASA Marshall Space Flight Center

Com período (tempo de translação) de aproximadamente 84 anos, a distância média de Urano ao Sol é de cerca de 3 bilhões de km, 20 vezes a distância média da Terra ao Sol. Isto é, 20 unidades astronômicas (UA). A diferença entre as distâncias de maior e menor aproximação ao Sol também é bem grande, de 1.8 UA. A órbita de Urano, historicamente, é de grande importância para a astronomia, em função de discrepâncias entre os cálculos e as observações terem sido encontradas logo depois de sua descoberta. Posteriormente, o problema do movimento orbital do planeta foi fundamental para a descoberta de Netuno.

Urano tem uma característica bastante peculiar e única: seu eixo de rotação é quase paralelo ao plano do Sistema Solar (inclinação de 97,8º). As estações do ano no planeta, por isso, são completamente diferentes de qualquer outro mundo de nosso sistema planetário. As principais teorias que tentam explicar a curiosa inclinação de Urano geralmente o fazem por meio da colisão de um objeto massivo com o planeta durante a formação do Sistema Solar.

Características de Urano

luas de urano
Imagem: European Southern Observatory

A massa de Urano é de cerca de 14,5 vezes a da Terra (8,68 x 10^25 kg), sendo assim o menos massivo dos planetas gigantes. Seu raio médio é de mais de 25 mil km, aproximadamente 4 vezes o do nosso planeta. É também o segundo planeta menos denso do Sistema Solar, com densidade média de apenas 1,27 g/cm3. Isso se dá em função de sua composição, majoritariamente determinada por gelo de substâncias como água, amônia e metano. Enquanto aproximadamente de 9 a 13 massas terrestres de Urano são compostas por gelo, a proporção de hidrogênio e hélio está apenas entre 0,5 e 1,5 massas terrestres, sendo o pequeno restante composto por material rochoso.

O interior de Urano tem três camadas: um pequeno núcleo rochoso, composto de silicatos, ferro e níquel e que ocupa menos de 20% do planeta; um volumoso manto de gelo, possuindo mais de 13 massas terrestres; e um envelope externo de hidrogênio e hélio ao seu redor, que compreende os últimos 20% do planeta. Já sua magnetosfera, como outras características e propriedades do planeta, é um tanto incomum, possuindo inclinação de 59º em relação ao eixo de rotação. Apesar disso, é relativamente similar à de outros planetas, como Saturno.

Ademais, Urano tem 27 luas conhecidas, com destaque para Miranda, Ariel, Oberon, Umbriel e Titânia, sendo esta última a maior delas, com 789 km de raio, aproximadamente metade do raio da nossa Lua. O planeta também apresenta anéis, mesmo que muito menos destacados do que em Saturno. São formados de partículas pequenas, com tamanho de micrômetros até a escala de metro, e acredita-se terem sido formados depois da formação de Urano, sendo relativamente jovens.

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