As emissões de carbono em 2022 devem ser de menos de 1%, de acordo com a Agência Internacional de Energia (AIE). O diretor executivo, Fatih Birol, afirmou que “a crise global de energia engatilhada pela invasão da Rússia à Ucrânia fez com que muitos países usassem outras fontes de energia”, de forma a substituir o fornecimento de gás que a Rússia reteve do mercado.
Nessa substituição, a energia solar e eólica preencheram o espaço. Isso significa que as emissões de carbono estão crescendo mais lentamente, e que “ações políticas dos governos estão trazendo mudanças estruturais reais na economia de energia”.
Aponta ainda que essas mudanças devem acelerar devido aos planos de energia limpa que avançaram pelo mundo nos últimos meses.
As emissões se reduziram 7% em 2020, o primeiro ano da pandemia, quando os aviões pararam de viajar e muitas pessoas pararam de dirigir. Isso trouxe a oportunidade de popularizar os carros elétricos, incentivar a locomoção a pé ou por bicicleta, manter trabalhos remotos e até mesmo o retorno ao transporte público, medidas que evitam a emissão de poluentes.
Emissões de carbono foram maiores em 2021
Infelizmente, as mudanças não ocorreram como se poderia esperar numa perspectiva mais otimista. As emissões de carbono voltaram à tona em 2021, sendo as mais altas na história.
A AIE relatou que “o aumento nas emissões globais de CO2 em mais de 2 bilhões de toneladas foi o maior na história em termos absolutos”, o que dissolveu qualquer efeito positivo na redução em 2020 devido á pandemia. A agência ainda observa que muito disso ocorreu devido ao aumento no preço do gás natural, assim como na queima de carvão.
Se o objetivo é continuar abaixo de 1.5 graus Celsius no aquecimento, será necessário ter os 7% de redução que tivemos em 2020 em todo ano a partir de agora até 2030.
Os créditos para o baixo crescimento nas emissões em 2020, segundo a agência, são para o aumento da energia limpa. Ela cita que as tecnologias de energia renovável e os veículos elétricos ao redor do mundo favorecem nesse cenário. Assim, mesmo com o aumento das emissões oriundas de carvão, a expansão das fontes renováveis compensa.
Há controvérsias acerca da possibilidade de se ter um crescimento econômico e redução nas emissões. Afinal, nossas principais fontes de energia são os combustíveis fósseis.
O economista e físico Robert Ayres observou que a economia, por definição, trata-se do consumo de energia: “O sistema econômico é essencialmente um sistema para extrair, processar e transformar energia na forma de recursos numa energia incorporada em produtos e serviços”. Ou seja, a economia é o próprio consumo de energia.
Se a economia se baseia num consumo de energia cuja maior fonte são combustíveis fósseis, o seu crescimento associa-se com o aumento das emissões.
Assim, quando o sistema econômico entra numa crise, como a que ocorreu na pandemia, as emissões se reduzem, pois o consumo de energia se reduz. Portanto, a mudança para fontes renováveis, além de tratar-se de um assunto ambiental, é, em essência, também uma questão econômica.