O final do século XIX foi sombrio para os oceanos. Esse momento foi o ápice da indústria baleeira ao redor do mundo. Praticamente todas as espécies de cetáceos e grandes animais marinhos em geral forma afetados pela pesca excessiva. Algumas espécies, no entanto, passaram por danos ainda não recuperados. Nesse sentido, as baleias-franca foram a espécie de baleia mais afetada pelos navios baleeiros. Mais especificamente os seres humanos quase extinguiram as baleias-francas-do-atlântico-norte (Eubalaena glacialis), uma espécie que habita regiões ao norte do Oceano Atlântico. Contudo, boas notícias vieram dos do EUA essa semana: pesquisadores identificaram dois filhotes recém-nascidos da espécie próximos à costa.
Os primeiro bebê apareceu para os olhos humanos pela primeira vez próximo à Ilha de Cumberland, na costa da Flórida no dia 04 de dezembro. Apenas três dias depois o segundo filhote deu as caras nas águas de Vilano Beach, também na Flórida. Biólogos do Clearwater Marine Aquarium, que observaram os dois pequenos cetáceos constataram que eles não são irmãos. O primeiro é filhote de uma mãe de primeira viagem de 13 anos, batizada de Chiminea, enquanto o segundo é a prole de uma baleia de 16 anos – Millipede – que foi observada com seu filhote nadando com golfinhos.
A conservação dessa espécie de baleia
De acordo com o National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA) existem em torno de 400 baleias-francas-do-atlântico-norte no mundo todo. Algumas estatísticas otimistas relatam até 409. Isso faz dessa espécie um dos animais mais ameaçados de extinção em todo o planeta. Nesse sentido, a notícia dos dois novos filhotes é ótima, mas ainda não suficiente. Isso porque para manter uma população estável, as E. glacialis precisam dar a luz a pelo menos 20 filhotes por ano. Contudo, nos últimos 4 anos, apenas 22 filhotes nasceram. Isso acentua ainda mais o risco sob o quais esses animais vivem.
Além do mais, desde o ano de 2017, 32 mortes desses animais foram registradas na costa da América do norte – 11 nos EUA e 21 em águas canadenses. Essa elevação na mortalidade de animais é chamada de Evento Incomum de Mortalidade e pesquisadores ao redor do mundo acreditam que as mortes estão quase certamente relacionadas a atividade humana. Isso porque diversos cadáveres mostraram feridas causadas por cascos de navios ou equipamentos navais. Aliás, também desde 2017, unidades de conservação registraram ferimentos semelhantes em 13 baleias vivas.
Características das baleias-francas
Assim como a maioria das espécies de baleias, as baleias-francas são animais migrantes. A baleia-franca-do-atlântico-norte pode viajar mais de 1.500km entre a costa do Canadá e os oceanos ao norte da Europa para se alimentarem e reproduzirem. Inclusive, esses animais se alimentam de pequenos crustáceos, semelhantes ao krill, e geralmente os filhotes nascem durante o período do inverno.
Esses animais, ademais, podem atingir as 70 toneladas e passar dos 15 metros de comprimento, assim como as outras duas espécies de baleia-franca: a baleia-franca-austral e a baleia-franca-do-pacífico, ambas também bastante ameaçadas de extinção.
Apesar da luta pela conservação desses animais estar longe de acabar, a notícia de dois novos filhotes nadando pelo Atlântico só foi possível por meio de esforços internacionais de conservação e combate à poluição dos hábitats e pesca ilegal.