Dinossauro “assassino” na verdade era um herbívoro pacífico, mostra estudo

Mateus Marchetto
Imagem: Anthony Romilio

Em 1960, mineiros encontraram uma pegada de dinossauro no teto de uma caverna, medindo quase 45 centímetros. Análises da época mostraram que o bicho poderia ter quase dois metros de altura e provavelmente era um dinossauro “assassino” carnívoro. Contudo, novas análises das pegadas mostram que o dino era na verdade completamente diferente disso.

Segundo a pesquisa, publicada no periódico Historical Biology, o dinossauro na verdade era um herbívoro pacífico que habitava as planícies da Austrália – onde as pegadas do animal foram descobertas.

Utilizando análises mais refinadas do fóssil, a equipe de pesquisadores percebeu que a pegada na verdade era bem menor do que realmente parecia. Isso porque algumas marcas das garras do dinossauro “assassino”, supostamente, foram confundidas com o tamanho das garras em si.

Por esse motivo, as patas de três dedos do dinossauro eram na verdade 35% menores do que se imaginava anteriormente. O tamanho do animal também foi estimado novamente, mostrando que o dinossauro assassino tinha apenas 1,4 metros de altura, e em torno de 6m de comprimento.

Além do mais, ainda na década de 60, especialistas confundiram pedaços de rochas como sendo parte do calcanhar do dinossauro também. Isso deu às patas um aspecto bastante semelhante àquele dos grandes predadores bípedes.

Contudo, agora pesquisadores mostram que o animal na verdade era um prosauropode, um ancestral dos maiores animais terrestres do planeta, os saurópodes. Esse último grupo é aquele de pescoços longos, patas cilíndricas e caudas longas que se alimentavam de plantas.

Essa espécie, em especial, viveu na Austrália há 220 milhões de anos, e alternava provavelmente entre a postura bípede e quadrúpede.

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Imagem: Anthony Romilio

O falso dinossauro “assassino” ainda assim impressiona – pela sua idade

Apesar de não ser um astro de um filme de terror, o novo dinossauro ainda é de extrema importância para pesquisadores. Isso porque o animal representa o dino mais antigo de seu tipo em solos australianos.

De acordo com a pesquisa, os grandes herbívoros só aparecem no registro fóssil muito mais tarde na Austrália. Antes destas pegadas, as evidências mais antigas deste tipo de animal datavam de 50 milhões de anos mais tarde.

Na verdade não apenas grandes herbívoros, mas este dinossauro é o único fóssil que data do período Triássico dentro do território australiano. Esse período vale lembrar, foi o primeiro do domínio dos dinossauros no planeta, datando entre 251 e 203 milhões de anos atrás.

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Imagem 3D da pegada encontrada na mina de Ipswich, na Austrália. Imagem: Anthony Romilio

Ou seja, este novo dinossauro de espécie ainda não identificada pode ter dado origem a grande parte da biodiversidade de dinossauros na Austrália. Vale ressaltar que, com a ausência de fósseis ósseos e outras evidências, é bastante difícil identificar o animal, ainda que para a equipe seja bastante evidente que se trata de um prosauropode.

A pegada do suposto dinossauro “assassino” estava, como mineiros descobriram, a mais de 200 metros de profundidade dentro da terra. Ela provavelmente se formou pelo depósito de sedimentos sobre o material vegetal amassado pelas patas do dinossauro, possivelmente em um ambiente úmido.

A pesquisa está disponível no periódico Historical Biology.

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