Aqui no Brasil, antes do lançamento oficial já circulavam algumas versões falsas da nota de R$ 200. Mas, essa prática ilegal não é nova, os antigos egípcios usavam dinheiro falso também. Mesmo antes das moedas serem inventadas, alguns tentavam negociar com esse material.
Durante a idade do Bronze ao redor do Mediterrâneo oriental, por volta de 1200 AEC, o rápido desenvolvimento fez com que a prata ficasse escassa e os moradores tentassem dar um jeito.
Naquele período o metal era comumente usado para a aquisição de bens. Contudo, a exploração por mais de 250 anos fez com que o material ficasse escasso. Uma falsificação foi encontrada pela arqueóloga Tzilla Eshel, doutoranda da Universidade de Haifa, que avaliou a composição química de 35 tesouros enterrados na região conhecida no passado como Canaã.
A prata era usada como moeda no passado
Provavelmente as moedas surgiram no reino da Lídia, na Ásia Menor, por volta do século 7 AEC. Antes disso, a prata era amplamente usada como moeda em todo o Mediterrâneo. Inicialmente, o metal era avaliado conforme o seu peso, assim podiam pagar usando joias quebradas ou mesmo quantidades maiores do metal.
Na mesma época o ouro também era usado como meio para troca, só que desde aquele período era muito mais raro e caro. Essa pesquisa identificou dois dos primeiros depósitos de prata degradados. Um deles em Israel e outro numa antiga cidade de Canaã, famosa por diversas batalhas históricas, como a bíblica Armagedom.
As reservas eram do século 12 AEC, quando o Novo Reino do Egito governou Canaã, por cerca de três séculos. O material pesa aproximadamente 157 gramas, com lingotes de 40% de prata, ligas de cobre e outros metais mais baratos. Havia um segundo tesouro, menor, esse de 98 gramas com apenas 20% de prata.
Falsificação veio junto com o fim da prata
Foram encontradas ligas de cobre mais baratas em oito tesouros da época do “colapso da Idade do Bronze Final”, período em que muitos reinos perderam força. As peças falsas eram usadas para substituir grande parte da prata, deixando apenas uma superfície que parecia ser prata pura.
Naquela época, Canaã era governada pelo antigo Egito e os tesouros foram encontrados por lá. Os pesquisadores acreditam que esse “engano” serviu para disfarçar o fato de que os suprimentos de prata estavam acabando. Contudo, esse tipo de falsificação era aceita pela sociedade.
Não havia prata em Canaã, apenas material importado, comércio que perdeu força entre 1200 e 1150 a.C. “A falsificação continuou depois que os egípcios deixaram Canaã, mas provavelmente foram eles que a iniciaram”, explicou Eshel, em entrevista ao Live Science.
Dinheiro falso era aceito no Egito
Eshel acredita que conforme a prata foi acabando na região, a prática de degradar o material foi ganhando popularidade e o dinheiro falso começou a aparecer. “Acho que pode ter começado como uma falsificação e então talvez tenha se tornado uma convenção com o tempo”, disse a pesquisadora.
Uma liga envolvendo prata-cobre-arsênio acaba corroendo mais rapidamente, então certamente as pessoas que usavam teriam percebido. Depois, levou quase três séculos para que a prata recuperasse a sua pureza e voltasse a ser usada como moeda pura, quando a região começou a ser dominada por gregos, persas e neo-assírios.
Uma questão que ainda segue debatida são os motivos que levaram ao colapso durante a Idade do Bronze Final, cerca de 3.200 anos atrás. São muitas hipóteses, como secas, erupções vulcânicas, pirataria e terremotos. Por fim, neste período, o Novo Reino do Egito e o Império Hitita na Anatólia foram alguns que caíram.
As descobertas foram descritas em publicação no periódico Journal of Archaeological Science.