Em torno de 99% de todos os diamantes do planeta são litosféricos. Ou seja, estas gemas se formam na litosfera, a camada sólida da Terra entre 150km e 250km de profundidade. Contudo, pesquisadores descobriram que o 1% dos diamantes super raros se formam a partir de matéria orgânica, de organismos mortos, inclusive.
Existem, por conseguinte, três tipos principais de diamantes. Os litosféricos – mais comuns – que citamos acima, os oceânicos e os super-profundos. Estes dois últimos tipos são classes extremamente raras de diamantes, por sua vez. Os oceânicos podem ser encontrados no leito do oceano e os super-profundos aparecem em erupções vulcânicas em terra, como os litosféricos.
A diferença destes grupos raros é a profundidade a qual eles se formam. Curiosamente, tanto diamantes oceânicos quanto super-profundos têm origem em uma faixa entre 400km e 600km de profundidade. Para se ter uma ideia, o buraco mais profundo feito por seres humanos tem meros 12km de profundidade.
Acontece que além de serem altamente raros – e caríssimos – estes diamantes têm uma composição em comum: organismos biológicos (ou ao menos o que restou deles). Quando duas placas tectônicas colidem, o choque pode criar uma região de subducção. Ou seja, uma placa avança sobre outra, uma afundando e a outra elevando. Por esse motivo, aliás, a cordilheira dos Andes cresce alguns centímetros a cada ano.
Acontece que nesse processo, há milhões de anos, plantas, algas e outros organismos acabaram carregados para camadas profundas da Terra, com mais de 400km de profundidade. Sob a pressão e temperatura altíssimas, houve então a formação dos diamantes mais raros do planeta.
Como identificar matéria orgânica nos diamantes? E como eles chegam à superfície?
Toda a pesquisa, publicada no periódico Scientific Reports, da Nature, se baseou em um tipo bastante especial de carbono, o δ13C (delta carbono 13). Acontece que esse tipo de carbono se forma principalmente quando material vegetal acaba enterrado em camadas profundas do planeta por milhões de anos.
Nesse sentido, tanto diamantes oceânicos quanto os núcleos de diamantes super-profundos têm composições altamente semelhantes de δ13C. Isso reforça, assim, estudos anteriores, que indicavam que estes dois tipos de gemas tinham formações parecidas.
Todavia, ainda não se sabe quais as condições físico-químicas na faixa de 400km-600km que levam à formação destas pedras preciosas.
Além do mais, os três tipos de diamantes acabam sendo carregados para fora do interior do planeta, de alguma forma, já que não podemos minerá-los a altas profundidades.
Luc S. Doucet, autor principal do estudo, afirma que isso acontece por um fenômeno do manto da Terra. “Rochas flutuantes do manto mais profundo da Terra, chamadas de plumas mantélicas, então carregam os diamantes de volta para a superfície da Terra via erupções vulcânicas para humanos apreciarem como procuradas pedras preciosas.”
O artigo está disponível no periódico Scientific Reports.