Descoberto peixe colorido que nasce fêmea e se torna macho

Felipe Miranda
Cirrhilabrus finifenmaa, o peixe colorido que nasce fêmea e se torna macho. Imagem: Yi-Kai Tea

O fundo dos oceanos é fonte de muita bizarrice, e nós conhecemos mais o espaço do que o fundo dos oceanos, já que é mais difícil acessar ou sequer impossível observar à distância o ponto mais fundo do oceano do que observar o espaço. Agora, os cientistas descobriram um peixe colorido que nasce fêmea e se torna macho. O novo peixe vive no Oceano Índico, ao redor das Maldivas, entre 40 e 70 metros de profundidade.

O bodião-fada do véu rosa, ou Cirrhilabrus finifenmaa, em seu nome científico, é conhecido desde os anos 90. No entanto, era tratado como uma variação de outra espécie, e não uma espécie a parte. Somente agora em 2022, os cientistas o classificaram como outra espécie, o descreveram e o nomearam. Portanto, podemos dizer que a descoberta da espécie é recente. Cirrhilabrus compreende ao gênero, que abrange diversas espécies. Já finifenmaa significa rosa na língua local Dhivehi.

Este é o bodião Vibranium foi descoberto em 2019. Ele é um parente do  bodião-fada do véu rosa, o peixe colorido que nasce fêmea e se torna macho.
Este é o bodião Vibranium foi descoberto em 2019. Ele é um parente do bodião-fada do véu rosa, o peixe colorido que nasce fêmea e se torna macho. Imagem: Luiz Rocha, Academia de Ciências da Califórnia

Zona mesofótica

O peixe habita uma área do oceano chamada zona mesofótica. Trata-se de uma região que compreende 30 a 150 metros abaixo da superfície do oceano. É uma área de transição – ela parte de onde ainda o oceano é bem iluminado pela luz do Sol, até a área onde há a escuridão, por isso leva esse nome: meso, refere-se a palavra meio e fótica, à luz; portanto, zona mesofótica significa algo como “zona da luz do meio”.

A zona mesofótica abriga uma enorme biodiversidade. No entanto, seu estudo não é tão simples como o estudo das zonas mais próximas à superfície. Portanto, somente com as novas tecnologias, um estudo mais a fundo dessas áreas foi possível. Até os dias de hoje, muitas espécies que habitam essa zona e zonas inferiores, ainda mais escuras e com uma pressão ainda maior, não foram descobertas.

“A zona mesofótica é uma das regiões menos exploradas nos recifes de corais”, disse ao jornal britânico The Guardian Yi-Kai Tea, pesquisador de pós doutorado no Australian Museum Research Institute em Sydney, na Austrália. Tea está, atualmente, em um navio de pesquisa no Oceano Índico.

“Esta área está geralmente situada a uma profundidade estranha – não profunda o suficiente para pesquisar com submarinos, muito complexa para arrastar e dragar e muito profunda para mergulhar com técnicas tradicionais de mergulho”, completa o pesquisador em entrevista com o jornal.

Para conseguir explorar a área, os cientistas precisam utilizar equipamentos especiais, com um funcionamento interessante. São equipamentos de mergulho que reutilizam o ar exalado pelo mergulhador durante a respiração. Os equipamentos convencionais jogam esse ar, com muito carbono, que já não é útil para nossa respiração, para a água, formando aquelas bolhas que equipamentos de mergulho soltam. Nesses equipamentos especiais, um aparelho chamado rebreather possibilita inspirar esse ar contaminado novamente, através de uma cuidadosa mistura de gases, combinando o gás exalado com o oxigênio no tanque. Assim, o oxigênio carregado dura por tempo suficiente para a missão.

O peixe colorido que nasce fêmea e se torna macho

O bodião-fada do véu rosa é o peixe colorido que nasce fêmea e se torna macho. À medida que o peixe envelhece, ele muda sua aparência e seu sexo biológico. Ao tornar-se macho, o peixe fica um tanto mais colorido. Durante a época de acasalamento, o peixe fica ainda mais colorido, fenômeno que ocorre para impressionar as fêmeas.

Um dos membros da equipe que descobriu o peixe colorido que nasce fêmea e se torna macho é o pesquisador Ahmed Najeeb, do Instituto de Pesquisa Marinha das Maldivas. Segundo o The Guardian, esta é a primeira vez que um pesquisador nativo das Maldivas descreve uma espécie descoberta nativa da região.

Agora, os pesquisadores pretender observá-lo um pouco mais para entender melhor sobre o animal. “Até onde sabemos, eles não correm nenhum risco imediato”, diz Tea.

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