Nova espécie de serpente iridescente muito rara encontrada no Vietnã

Mateus Marchetto

As florestas tropicais do Vietnã são extremamente ricas. Apesar da guerra que ocorreu no país, de 1959 a 1975, as belezas naturais da região estão por todos os cantos. Os carstes são o tipo de relevo predominante na maioria das florestas, tendo montanhas com inclinações altas e cheias de vegetação. Aliás, nesse ambiente selvagem pesquisadores do Museu de História Natural Smithsonian em parceria com a Academia de Ciência e Tecnologia do Vietnã descreveram uma nova espécie de serpente. Os autores publicaram o estudo no dia 07 de dezembro no periódico BioOne.

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(Imagem de ThuyHaBich por Pixabay)

Os pesquisadores observaram a serpente durante uma expedição noturna pelas florestas vietnamitas. À primeira vista eles perceberam que aquele animal era uma nova espécie, muito peculiar. Acontece que a cobra pertence ao gênero Achalinus, um dos grupos de répteis mais raros do planeta. Essa espécie, aliás, que recebeu o nome de Achalinus zugorum, em homenagem ao professor George Zug, tem uma característica muito diferente: a iridescência.

Esse fenômeno óptico acontece quando uma superfície reflete as cores do arco-íris, como uma bolha de sabão, a parte de baixo de um CD ou mesmo as penas de um beija-flor. A nova espécie de serpente tem, além de uma coloração preta, essa característica em suas escamas, o que a torna ainda mais única.

Mapeamento genético da nova espécie de serpente

As expedições às montanhas do Vietnã têm um propósito ainda maior do que descobrir novas espécies. As descobertas das equipes de pesquisa de campo estão servindo como base para a Global Genome Biodiversity Network. Esse projeto tem como objetivo registrar e mapear o genoma do máximo de espécies possível, seguindo alguns ideais do Projeto Genoma Humano.

Three scientists at a table in a cabin.

Nessas missões, portanto, os pesquisadores estão coletando amostras não apenas de novas espécies, mas sim de toda a biodiversidade de animais vertebrados do Vietnã. Isso é especialmente importante para regiões onde a biodiversidade está ameaçada e ainda é pouco conhecida, da mesma forma que ocorre na Amazônia. Desse modo, espécies podem estar sendo extintas nesse momento sem ao menos terem sido descobertas e documentadas. Esse é um problema ainda maior tratando-se de espécies endêmicas. Ou seja, animais que existem em apenas um lugar do planeta, como a Achalinus zugorum.

Por conseguinte, os pesquisadores levaram o animal ao laboratório e farão ainda diversos estudos e registros sobre essa serpente. Após isso, o bicho será devolvido à natureza. Os autores do estudo buscam, ainda, encontrar mais um exemplar dessa mesma espécie, além de possivelmente encontrar outros animais inéditos.

People in the woods at night.
( Graham Reynolds, University of North Carolina Asheville)

Truong Nguyen, vice diretor do Instituto de Ecologia e Recursos Biológicos da Academia de Ciência e Tecnologia do Vietnã fala sobre a raridade desse gênero de serpentes. “Em 22 anos pesquisando répteis no Vietnã, eu coletei apenas 6 cobras odd-scale [apelido do gênero]”.Isso mostra a dificuldade em estudar certos animais em seus hábitats naturais, o que torna a proteção e conservação ainda mais difícil.

O artigo científico foi publicado no periódico BioOne.

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