Quem tem medo de cobra pode ter mais um motivo para preocupação: um novo estudo publicado na revista Matter descobriu como certas cobras podem caçar bem no escuro usando eletricidade e o calor das presas para enxergar.
Sinais elétricos e caça noturna
As cobras são alguns dos predadores mais ágeis e perigosos da natureza. Muitas pessoas têm pavor desse animal, e não podem nem pensar na possibilidade de encontrar um à noite. Agora, o medo é ainda mais justificável, pois um estudo mostrou como elas podem ser muito perigosas mesmo no escuro.
O estudo mostrou que algumas espécies convertem a diferença entre a temperatura ambiente e a temperatura dos corpos das presas em sinais elétricos, sinalizando então a localização da presa. Entre as cobras capazes de tal feito estão víboras e jibóias, por exemplo.
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Os pesquisadores, inclusive, já suspeitavam de que a habilidade de caça noturna estivesse ligada à atividade elétrica dos corpos das cobras. No entanto, somente agora os cientistas confirmaram a teoria e obtiveram mais detalhes.
Materiais piroelétricos
O que levou ao desenvolvimento da pesquisa foi o estudo de materiais piroelétricos, que podem gerar uma tensão elétrica quando aquecidos ou resfriados. Os materiais piroelétricos são bastante raros na natureza, mas a equipe conseguiu produzir os efeitos piroelétricos em um outro material.
De acordo com o autor do estudo, Pradeep Sharma, da Universidade de Houston, a habilidade das cobras poderia ser explicada se as elas tivessem um material piroelétrico em seus corpos; o problema é que elas simplesmente não têm.
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Mas o que acontece é que certas cobras têm um pequeno órgão chamado fosseta loreal, que pode detectar radiação infravermelha. Sharma e seus colegas perceberam então que nesse órgão havia células que funcionavam como materiais piroelétricos. Elas geravam pequenas tensões em resposta às mudanças de temperatura. Essas tensões podem, portanto, informar as cobras no escuro sobre o ambiente ao redor.
Apesar da grande descoberta, ainda restam algumas perguntas. É possível que outros fatores sejam muito importantes para a capacidade de visão noturna, como a presença de canais iônicos em certas proteínas celulares.