Criptografia quântica é inquebrável? Novo experimento sugere que sim

Rafael Motta
Imagem: Reprodução

Existe uma discussão bastante acalorada no mundo da computação: codemakers (desenvolvedores que criam sistemas de criptografia de dados) afirmam que criptografia quântica é o futuro, pois é inquebrável; por outro lado, codebreakers (pessoas que tentam quebrar criptografias) afirmam exatamente o contrário.

Contudo, Guilherme Xavier, pesquisador do departamento de engenharia elétrica da Universidade de Linköping, na Suécia, acredita que a tecnologia pode tornar a criptografia de dados absolutamente segura, segundo sua publicação.

Xavier disse que, “se as leis de física quântica forem verdadeiras, é impossível que alguém espie (os dados) sem que o destinatário descubra”. A quantidade de informações que o invasor teria de trazer à tona para tentar comprometer os dados seriam obrigatoriamente grandes demais para não chamar atenção.

Além disso, com geradores de números aleatórios quânticos, seria possível garantir a privacidade de uma grande quantidade de bits, tornando a informação impossível de ser comprometida por maus atores.

Como a criptografia quântica funciona?

De acordo com a teoria quântica, existem duas formas de criptografia: distribuição de chaves quânticas e criptografia quântica de chave pública. 

No primeiro caso, um ponto A que queira se comunicar com um ponto B trocam informações em forma de partículas quânticas, gerando uma chave compartilhada no processo. Caso um intruso tente interceptar a comunicação, o estado quântico dos dados será imediatamente alterado e ambas as partes serão notificadas.

Já no segundo cenário, uma das partes gera uma chave pública que pode ser compartilhada com terceiros. O receptor da informação fará uso de uma chave privada para criptografar os dados. Se um hacker tentar acessar as informações, a parte que recebeu a mensagem será notificada, uma vez que ocorrerá uma mudança em seu estado quântico.

É importante mencionar que a criptografia quântica está em desenvolvimento. Porém, experimentos positivos têm mostrado grande potencial para revolucionar a computação moderna.

Nem todo mundo concorda

O físico Simon Singh, em seu livro O Livro do Código, mostra um pouco mais de ceticismo em relação à tecnologia: 

“Na verdade, se uma mensagem protegida por criptografia quântica fosse alguma vez decifrada, isso significaria que a teoria quântica está errada, o que teria implicações devastadoras para os físicos.”

Faz sentido: se uma mensagem é interceptada e suas características são imediatamente modificadas por conta disso, significa que a suposta inviolabilidade da criptografia quântica seria, na verdade, uma afirmação falsa.

Conclusão

A verdade é que a computação quântica ainda é extremamente embrionária: existem pouquíssimos dispositivos (hardwares) capazes de processar dados com o mínimo da velocidade necessária e ainda menos aplicações desenhadas para explorar seu verdadeiro potencial.

Informações quânticas também precisam ser enviadas por grandes distâncias para se tornarem úteis no mainstream; até o momento, uma chave quântica foi capaz de percorrer apenas 421 km de distância. 

Por outro lado, se a computação quântica se tornar mais robusta e popular, Singh acredita que os codemakers prevalecerão e os codebreakers terão menos trabalho pela frente.

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