Este é o primeiro mapa do campo magnético da coroa solar, e isso pode ser bastante útil para entendermos diversos efeitos, como as erupções solares, que podem nos afetar diretamente. O estudo foi publicado na revista Science.
A coroa solar é um envoltório de plasma superaquecido, muito mais quente do que a própria superfície do Sol. Enquanto a superfície tem pouco mais de 5500 graus Celsius, a coroa solar possui uma temperatura de mais de um milhão de graus na escala Celsius.
A coroa solar funciona como uma fina atmosfera para o Sol, e não é estática. Muito pelo contrário, na verdade. Ela está em constante mudança, e possui uma dinâmica bastante complicada.
Um dos fenômenos que controlam essa coroa é o campo magnético. Mapear esses campos, entretanto, é algo bastante difícil. Tarefa mais difícil ainda, portanto, é prever o comportamento da coroa solar.
É necessário saber realizar este tipo de previsão pelo mesmo motivo que dependemos de previsões do tempo para tirarmos a roupa no varal e nos prepararmos. Com a diferença de que o Sol poderia destruir tudo aquilo que nos torna uma civilização tecnológica.
É da coroa solar que saem os ventos solares. Trata-se de plasma e outras partículas super energéticas que atingem a Terra, e causam, por exemplo, as auroras boreais. São bonitas, inofensivas… se permanecerem nos pólos.
Em 1859, uma tempestade solar muito forte atingiu a Terra, destruindo redes elétricas e redes de telégrafos. A tempestade foi tão forte que pudemos ver auroras boreais até mesmo do Brasil.
Felizmente naquele ano ainda não haviam muitas redes elétricas nem telegráficas. Mas imagine só nos dias de hoje, com tantos satélites na órbita, computadores, e a extrema dependência de tecnologia. No mínimo, voltaríamos para a idade média.
Entendendo as dinâmicas solares
É o campo magnético da Terra que nos salva dos ventos solares. Se forem fortes o suficiente, entretanto, eles passam, como já ocorreu. Essa é a importância dos estudos com relação à coroa solar
Com um equipamento chamado coronógrafo, os pesquisadores puderam medir e modelar as velocidades e intensidades das diferentes ondas que se movem através do plasma que envolve a nossa estrela.
O mapa foi feito com dados de 2016 e 2017. Foram os dados coletados em 2016 que permitiram uma visão ampla da coroa solar. A observação posterior foi útil para testar e entender como eles poderiam desenvolver esse mapeamento com os dados já coletados.
No ano de 2017, ocorreu um eclipse solar total, e os cientistas aproveitaram os minutos de escuridão para recolher dados da coroa solar e mapeá-la. E após os quatros anos de trabalho duro, o mapa do campo magnético da coroa solar está feito.
“Esta é a primeira vez que mapeamos o campo magnético coronal em grande escala”, diz ao Science News o físico solar Steven Tomczyk. Tomczyk fez parte da equipe que coletou os dados em 2017.
“Fazer mapas globais da força do campo magnético coronal… é o que nos permitirá eventualmente obter melhores previsões de eventos climáticos espaciais”, diz ao Science News a física solar Jenna Samra.
O estudo foi publicado na revista Science. Com informações de Science News.