Criadas as primeiras ‘baterias de água’ que não explodem e nem pegam fogo (mesmo sob pressão)

As baterias de água - primeiras no mundo - podem substituir as baterias de chumbo-ácido em três anos e substituir as baterias de íons de lítio entre 5 a 10 anos, a partir de agora

Daniela Marinho
Professor Tianyi Ma (à esquerda) e Dr. Lingfeng Zhu da Universidade RMIT com a bateria de água da equipe. Imagem: Carelle Mulawa-Richards, Universidade RMIT.

As baterias de íons de lítio são uma tecnologia amplamente utilizada para armazenamento de energia em uma variedade de dispositivos eletrônicos, desde smartphones e laptops até veículos elétricos. No entanto, em sua fabricação, geralmente são utilizados eletrólitos líquidos à base de compostos orgânicos, como éteres ou carbonatos, que podem ser inflamáveis e, em alguns casos, tóxicos em altas concentrações. Nesse contexto, uma equipe de pesquisadores desenvolveu as primeiras baterias de água do mundo.

Baterias de água é menos tóxica e totalmente reciclável

Ao contrário das baterias convencionais de íons de lítio, as novas baterias inovadoras optam por uma abordagem diferente, usando exclusivamente água como componente principal. Essa mudança representa uma significativa evolução no campo do armazenamento de energia, já que o uso de água torna o dispositivo de energia menos tóxico, completamente reciclável e praticamente elimina os riscos de incêndio ou explosão.

Embora as baterias de água ainda possam enfrentar algumas limitações em termos de desempenho quando comparadas às tradicionais baterias de íons de lítio, os inventores e pesquisadores por trás dessa tecnologia estão otimistas quanto ao futuro.

Eles afirmam que uma série de avanços e melhorias planejadas ao longo dos próximos cinco a dez anos estão projetadas para fechar essa lacuna de desempenho, tornando as baterias de água uma opção cada vez mais viável e atraente para uma ampla gama de aplicações.

O elemento funcional das baterias de água é realmente água

Em uma configuração típica de bateria, os eletrólitos orgânicos desempenham um papel fundamental, facilitando o fluxo da corrente elétrica entre os terminais positivo e negativo.

Por outro lado, nas baterias de íon-lítio, um solvente líquido é empregado para dissolver o sal de lítio, desempenhando o papel de eletrólito. Contudo, é importante observar que esses materiais, embora eficazes em condições normais, podem apresentar desafios significativos quando expostos a altas temperaturas ou pressões elevadas.

Em situações extremas, como danos físicos às baterias, exposição a temperaturas extremas ou tentativas de desmontagem, os componentes podem resultar em danos a dispositivos eletrônicos, incêndios em motores de automóveis ou até mesmo explosões sérias.

Diante desses desafios, uma equipe internacional de cientistas liderada pelo renomado professor Tianyi Ma, da Universidade RMIT, juntamente com colaboradores da indústria, dedicou esforços à busca por uma alternativa mais segura e eficaz.

Como resultado desse empreendimento, foi descoberta uma maneira revolucionária de substituir o eletrólito potencialmente perigoso e muitas vezes tóxico pelo mais comum e inofensivo composto – a água.

O avanço representa não apenas uma conquista técnica impressionante, mas também uma solução que oferece um meio de armazenamento de energia funcional, operando de maneira semelhante às tradicionais baterias de íon-lítio, mas sem os riscos associados.

Bateria mais ecológica

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Bateria de água nas mãos do Professor Tianyi Ma. Imagem: Carelle Mulawa-Richards, Universidade RMIT

Os criadores das baterias de água também destacam que, além de proporcionar um nível superior de segurança, sua tecnologia traz benefícios significativos para o meio ambiente.

De fato, a questão da sustentabilidade tem sido um desafio para as baterias convencionais, uma vez que sua disposição adequada após o término de sua vida útil representa uma preocupação ambiental crescente.

As baterias tradicionais frequentemente contêm materiais tóxicos e metais pesados, tornando sua eliminação e reciclagem um processo complexo e custoso. Além disso, a decomposição desses materiais pode resultar em danos ambientais significativos, incluindo a contaminação do solo e da água.

Ademais, Ma explica que “Utilizamos materiais como o magnésio e o zinco que são abundantes na natureza, baratos e menos tóxicos do que as alternativas utilizadas noutros tipos de baterias.”

Portanto, além de proporcionar uma fonte de energia mais segura e confiável, essa nova tecnologia de baterias de água promete contribuir para um futuro mais sustentável, onde a proteção do meio ambiente é uma prioridade.

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