Crânio de uma criança aumenta o mistério de como nossos ancestrais tratavam os mortos

Letícia Silva Jordão
Imagem: WITS UNIVERSITY

Os fragmentos do crânio de uma criança de uma espécie humana extinta foram encontrados em um sistema de cavernas da Estrela Ascendente na África do Sul. Essa descoberta intriga os cientistas pois o local é de difícil acesso, se tornando quase impossível que o crânio tenha sido arrastado por algum animal ou pela água, o que dá a entender que esse crânio foi colocado no local quando morreu, como se fosse um ritual de enterro.

É conhecido que em algum momento da história, nossos ancestrais começaram a criar rituais de enterro, que foi uma característica que fez com que a gente se separasse dos outros animais. Porém ainda não é certo a época em que isso se iniciou, e como uma espécie extinta de humanos realizava os enterros.

A descoberta do crânio de uma criança

O paleoantropólogo Lee Berger da Universidade de Witwatersrand em Joanesburgo encontrou junto de sua equipe um total de seis dentes e 28 fragmentos do crânio de uma criança Homo Naledi, uma espécie humana extinta a qual sabemos que possuía um cérebro do tamanho de uma laranja.

O crânio foi encontrado em uma passagem estreita que ficava cerca de 12 metros da Câmara Dinaledi, possuindo apenas 15 centímetros de diâmetro e 80 centímetros de profundidade.

Por conta do local onde foi encontrado, os cientistas acreditam que a espécie Homo Naledi realizava algum tipo de ritual com os mortos. Berger diz que “a descoberta de um único crânio de uma criança, em um local tão remoto dentro do sistema de cavernas, adiciona mistério sobre como esses muitos restos vieram a esses espaços remotos e escuros do sistema da Caverna da Estrela Ascendente”.

Os cientistas ainda não tem uma resposta exata

A suposição de que o crânio tenha sido colocado por outro ser da mesma espécie ainda divide as opiniões dos cientistas. Durante uma reunião da Associação Americana de Antropólogos Físicos em 2016, Lee Berger não tirou conclusões sobre o fato, alegando que era muito cedo para dizer como o corpo parou na Câmara Dinaledi.

Desde então a sua equipe continuou pesquisando para encontrar alguma pista, e dessa pesquisa foram gerados dois artigos. Em um deles a paleantropóloga Juliet Brophy da Universidade do Estado da Louisiana escreveu junto com os seus colegas uma descrição do crânio.

Já no outro artigo, a paleantropóloga Marina Elliott da Universidade Simon Fraser no Canadá escreveu junto com outros cientistas os detalhes de novas explorações realizadas no sistemas de cavernas da Estrela Ascendente na África do Sul.

A descoberta do crânio de uma criança foi apelidada de “Leti”, uma palavra Setswana que significa “o perdido” em um idioma local da África do Sul. Foi estimado que Leti viveu na mesma época que outros fósseis Home Naledi, entre os anos de 236.000 a 335.000.

Segundo a análise feita nos seus dentes e crânio, Leti provavelmente era bem jovem ainda e pode ter morrido aos 4 ou 6 anos de idade, baseado na taxa de crescimento atual das crianças. Mas o crânio de uma criança Homo Naledi só aumenta o mistério e enigma que cerca esta fascinante espécie extinta de humanos.

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