Não é segredo que à medida que envelhecemos a nossa memória piora naturalmente. Mas, em um estudo sobre o choco, um grupo de cientistas descobriu que, mesmo na velhice, este animal não perde a memória. Este é o primeiro relato sobre um animal que sua memória não deteriora com o tempo.
No estudo, cujos resultados foram publicados em Proceedings of the Royal Society B, os cientistas realizaram experiências sobre a memória de 24 chocos comuns (Sepia officinalis).
O grupo estava dividido em duas idades: uma parte tinha entre 10 e 12 meses de idade, equivalente aos jovens adultos, e a outra tinha 22-24 meses de idade, aproximando-se do fim da vida.
Primeiro, os indivíduos foram treinados para se aproximarem de um sinal visual. Depois, os cientistas realizaram testes para determinar se os chocos mais velhos podiam utilizar sua memória para se lembrarem e preverem quando e onde encontrar diferentes tipos de alimentos.
Para assegurar que os chocos não estavam apenas utilizando suas capacidades de aprendizagem, os cientistas variavam o local de alimentação todos os dias.
Desta forma, descobriram que, independentemente da idade dos chocos, todos eles eram capazes de se lembrar de informações como o tempo desde a refeição anterior e a sua localização.
Diferentes tipos de memória
Existem dois principais tipos de memória: a memória episódica, que contém memórias localizadas num contexto espacial e temporal de eventos passados. E a memória semântica, que se relaciona com conhecimentos aprendidos ao longo do tempo que carregamos ao longo da vida sem a lembrança de aprendê-los.
Através deste estudo, os cientistas foram capazes de determinar que, ao contrário dos seres humanos, a memória episódica dos chocos não se degrada com o tempo. Nem a sua idade influenciou negativamente a sua memória semântica.
Os chocos têm uma memória episódica, pois lembram-se do que comeram, onde e quando. Segundo a Dra. Alexandra Schnell, principal autora do estudo, na natureza esta capacidade permitiria que os chocos se lembrassem dos seus parceiros sexuais para que não acasalassem com os mesmos várias vezes.
Desta forma, poupariam tempo e energia. Graças à sua memória, maximizam a distribuição dos seus genes, acasalando com o maior número possível de parceiros diferentes.
Os chocos e o funcionamento dos seus cérebros são naturalmente difíceis de comparar com os nossos ou com os dos mamíferos em geral. Eles não possuem um hipocampo, mas apresentam um lóbulo vertical que desempenha um papel igualmente importante na memória.
Este estudo mostra que o choco pode ser um modelo interessante para a investigação sobre o declínio da memória. Embora a perda de memória continue a ser uma consequência inevitável do envelhecimento.