Todos estão ansiosos para apurar a origem da fosfina em Vênus, e as agências espaciais, como NASA e ESA, além de empresas privadas, como Rocket Lab, já se preparam para a empreitada da busca pela vida em Vênus.
Enviar uma espaçonave é a única forma de se apurar a origem da fosfina, já que seria extremamente difícil tentar fazer esse rastreamento apenas com análises espectrográficas a partir da Terra.
Mas Vênus é bem diferente de Marte. Não é só chegar lá com um rover, pousar e sair andando. Pelo clima nada agradável do planeta, alguns pontos são extremamente diferentes.
Os únicos na exploração bem sucedida de Vênus são os soviéticos. Embora explorem Marte com maestria, os americanos foram um pouco azarados em Vênus. A Rússia até mesmo reivindicou Vênus para si após a descoberta da fosfina.
O programa soviético Venera, que se iniciou na década de 1960, bateu alguns recordes, como a primeira missão bem sucedida a pousar em outro planeta e a primeira a enviar fotos para a Terra. O programa soviético Vega também foi muito bem.
Entretanto, são missões breves. Entre as Veneras que pousaram, a que sobreviveu por mais tempo foi a Venera 13, em 1982, que durou por pouco mais de 12 horas na superfície, antes de ser destruída pelo calor e pela pressão.
Portanto, as próximas missões ao planeta precisam pensar nisso. São missões kamikaze, precisam de rapidez. Uma missão que adentre o planeta não poderia durar mais de uma década, como ocorre em Marte. Mas a busca pela vida em Vênus precisa acontecer.
Nova exploração venusiana
“Depois de uma incursão louca, um florescimento de tentativas de entender Vênus nos anos 70 e início dos anos 80, houve um hiato e já se passaram 35 anos desde que qualquer missão de qualquer país deste planeta visitou a atmosfera de Vênus”, diz James Garvin, da NASA, ao Space.com.
Enquanto Marte possui dezenas de robôs o explorando, Vênus possui apenas um. O orbitador Akatsuki (infelizmente o Naruto não foi junto), lançado em 2010 e em órbita desde 2015, busca fazer um mapeamento de Vênus, procurar por raios e por atividades vulcânicas.
A última missão da NASA a orbitar Vênus foi a Magellan, que operou entre 1990 e 1994. A última missão ocidental para Vênus, no entanto, foi a Venus Express, da ESA, que operou entre 2005 e 2014.
Diversas missões já eram planejadas para Vênus pelos americanos, europeus, pelos russos, pelos indianos e pelos japoneses ao longo da década de 2020 e 2030. Agora essas missões serão aceleradas.
Um exemplo é a DAVINCI + (abreviação para Deep Atmosphere Venus Investigation of Noble Gases , Chemistry, and Imaging Plus). Ela deve descer lentamente pela atmosfera de Vênus e operar por cerca de uma hora.
A Rocket LAB, empresa Neozelandesa do ramo aeroespacial também planeja uma missão. Em 2023 eles devem lançar por conta uma carga científica a bordo da sonda Photon, desenvolvida por eles mesmos. A missão deve adentrar a atmosfera em altíssima velocidade e operar por alguns minutos.
“Os anos 20 podem ser o renascimento do uso de Vênus como uma pista para o sistema solar e o universo acessível, da mesma forma que usamos Marte e a lua e agora, a Europa [lua de Júpiter] de forma tão atraente”, diz Garvin.