Estima-se que um terço de todas as extinções aconteçam por ação de espécies invasoras. Com um prejuízo de bilhões de dólares e danos irreparáveis a ecossistemas, a saída pode ser uma das coisas que nós, humanos, fazemos de melhor: comer.
Há pelo menos 20 anos, o biólogo da conservação Joe Roman já discutia os mais diversos temas envolvendo espécies invasoras. Não por acaso, nesse sentido, Roman foi um dos pioneiros na ideia de trazer espécies invasoras para nossas cozinhas.
O movimento, que atualmente recebe o nome de invasivorismo (do inglês, invasivorism), propaga a ideia de que transformar animais e plantas invasores em especiarias pode, primeiramente, reduzir o efeito deletério que essas espécies têm sobre a biodiversidade. Em segundo plano, a prática do invasivorismo pode ajudar a movimentar a culinária local e alternativa.
Nos últimos cem anos, estimativas apontam, por conseguinte, que organismos invasores podem ter causado mais de 1,3 trilhões de dólares em prejuízo ao redor do planeta. Muitas destas espécies prejudicam plantações e evitam o crescimento de florestas, como é o caso dos javalis no Brasil, por exemplo. Não à toa, como dito na introdução, invasores são os responsáveis por um terço de todas as extinções do planeta desde 1500.
Sushi de espécies invasoras como o peixe-leão
Uma espécie invasora é, em primeiro lugar, uma espécie exótica. Em geral, um animal ou planta acaba em um ambiente completamente diferente do seu natural – quase sempre por ação humana. Nesse novo ambiente, a espécie exótica pode encontrar condições melhores do que em seu próprio ambiente natural.
Frequentemente, uma espécie invasora não tem predadores no local que invade e acaba predando espécies nativas ou competindo intensivamente com espécies que ocupam níveis parecidos na cadeia alimentar.
Nos Everglades, na Flórida, por exemplo, as pítons-birmanesas já acabaram com 99% de todas as espécies de mamíferos terrestres endêmicos, desde que as serpentes se tornaram invasoras. Para combater os danos, o governo da Flórida oferece recompensas em dinheiro para que caçadores abatam os animais. Os produtos derivados como a pele e a carne são aproveitados para movimentar a economia local.
Ainda, o peixe-leão é um dos invasores mais famosos atualmente. Estes peixes de origem asiática acabaram colonizando as águas da América Central e América do Norte há algumas décadas e vêm, desde então, arrasando os ecossistemas por onde passam. É provável aliás que estes animais tenham se tornado invasores por terem sido soltos por criadores de aquários.
Fato é que chefes de cozinha já adaptaram um prato muito tradicional à carne do peixe-leão: o sushi. Recentemente, pesquisadores até desenvolveram um pequeno submarino desenhado para capturar estes animais.