Os chimpanzés machos seguem um padrão também observado nos humanos, conforme vão envelhecendo. Pesquisadores perceberam que chimpanzés mais velhos preferem ter relacionamentos com apenas alguns amigos.
Antes de mais nada, o comportamento gregário dos humanos vai diminuindo com a idade. O novo estudo com chimpanzés pode nos ajudar a entender porque a tendência dos homens em muitas culturas é ter esse comportamento socioemocional.
Dra. Zarin P. Machanda, diretora de pesquisa do Projeto Chimpanzé Kibale, e a Dra. Rosati, junto aos colegas, estudaram durante 20 anos de observação os chimpanzés em Kibale. A equipe analisou os chimpanzés machos por terem a facilidade de ter mais amigos, enquanto as fêmeas estão mais ligadas a família.
Comportamento humano comparado ao comportamento entre chimpanzés
Os pesquisadores observaram 21 chimpanzés machos de 15 a 58 anos. Mas, como avaliar se os chimpanzés eram amigos? O critério utilizado foi a proximidade. Além de amigos sentarem juntos, era preciso saber se a amizade era mútua, com um chimpanzé prestando atenção ao outro, ou unilateral.
A resposta é que, conforme a idade chega, as amizades são mais mútuas e menos unilaterais. Outro ponto é que os chimpanzés mantiveram uma atitude mais positiva com a comunidade na velhice, com menos agressividade.
Não necessariamente outros primatas seguem esse padrão à medida que envelhecem, segundo os autores do estudo. Alguns macacos preferem se afastar de relacionamentos sociáveis e permanecem agressivos.
Os chimpanzés também foram escolhidos para essa pesquisa por ser nosso primata mais próximo e uma espécie com vida longa, em média até 60 anos. Além do amplo grau de escolha quando se trata de amizades.
Os amigos dessa espécie e do sexo masculino cuidam uns dos outros, compartilham e caçam juntos, prestam atenção nos limites de seu território e formam alianças para manter uma posição alta entre os grupos. A popularidade leva ao aumento do sucesso reprodutivo.
Estudo dos chimpanzés
Dr. Gilby gerencia há 60 anos os dados do projeto Gombe e disse que esse estudo mostra a importância de pesquisas feitas a longo prazo.
Ainda não se tem a confirmação do motivo pelo qual o chimpanzé tem menos amigos na velhice e se comportam de maneira menos agressiva. E nem se realmente se assemelha as emoções humanas. Poranto, pode ser apenas uma falta de impulso e energia para firmar novas relações sociais.
Há também a possibilidade deles manterem sua vida social para aumentar as chances de acasalar ou se reproduzir, mesmo mais velhos. Os chimpanzés mais velhos ainda reproduzem e a vida socialmente ativa ajuda a ter mais oportunidades de acasalamento. Mas isso pode ser analisado em novas pesquisas.
Assim como a amizade entre chimpanzés machos foi estudada, no futuro certamente seria útil analisar as relações femininas. As principais pesquisadoras do estudo se conhecem desde a época de estudante. Então, a ciência poderia considerar medir essa relação entre as chimpanzés fêmeas também.
Ao que parece, de acordo com as descobertas dessa pesquisa, um homem e um chimpanzé macho com mais de 35 anos tem mais amizades de qualidade. Portanto, escolhem de forma seletiva apenas os amigos genuínos.
O estudo científico foi publicada no periódico Science.