Chimpanzés estão desenvolvendo um osso misterioso no coração

Erik Behenck
Varredura MicroCT do osso cordis. Imagem: Catrin Rutland

Pesquisadores se surpreenderam recentemente com uma descoberta intrigante. Chimpanzés estão desenvolvendo um osso misterioso no coração. Aliás, é um pequeno osso, que foi localizado no tecido cardíaco de vários espécimes, conforme um estudo publicado há pouco tempo.

É um tecido mineralizado, que mede alguns milímetros e parece ser variável entre diferentes indivíduos. Em geral, os pesquisadores dizem ser semelhante a um cordis – um tipo de osso do coração, encontrado em animais como bois e búfalos, assim como camelos e lontras.

Mas, antes disso jamais havia sido identificado em chimpanzés e em nenhum outro macaco. Assim, suspeitam que isso pode ter relação com a anatomia humana.

“A descoberta de um novo osso em uma nova espécie é um evento raro, especialmente em chimpanzés que têm uma anatomia semelhante à das pessoas. Isso levanta a questão de saber se algumas pessoas também poderiam ter um os cordis”, diz o anatomista Catrin Rutland do Universidade de Nottingham.

O esqueleto cardíaco foi analisado por meio de exames de alta resolução, onde os pesquisadores perceberam calcificações crescendo no coração de alguns chimpanzés. É uma questão provavelmente associada a idade, já que a fêmea mais velha, de 59 anos, tinha vários endurecimentos dentro do coração.

Como chimpanzés estão desenvolvendo um osso misterioso no coração?

Uma análise mais aprofundada do tecido em níveis microscópicos revelou que as estruturas eram feitas inteiramente de osso, em alguns casos. Mas, em outros casos apenas de cartilagem e em algumas situações, dos dois tipos.

Por enquanto, a base de informações ainda é bem pequena, por isso talvez seja apenas uma peculiaridade anatômica apresentada por alguns chimpanzés. Entretanto, existem motivos para que os pesquisadores suspeitem que isso não é algo variável.

Em seres humanos, o coração pode sofrer mineralização devido a idade avançada. Embora os chimpanzés não sejam tão propensos a problemas nas artérias coronárias, as doenças cardíacas atingem quase 70% deles, quando vivem em cativeiro.

Chimpanzés costumam sofrer com doenças cardíacas

A fibrose miocárdica idiopática (FMI) é a doença cardíaca mais comum nos chimpanzés. Assim, dos 16 corações analisados pela equipe, somente em três não havia evidência de FMI ou áreas hiperdensas. Chimpanzés estão desenvolvendo um osso misterioso no coração, pelo menos foi o que mostrou a análise, já que em todos estes corações atingidos pelo FMI, havia formação de osso ou cartilagem, e aumento do tecido conjuntivo.

Os pesquisadores ainda não entendem bem sobre a patologia do FMI em grandes símios. Mas, os autores acreditam que esse osso está de alguma forma envolvido com a questão. Aliás, os chimpanzés estão em extinção e as doenças cardiovasculares ameaçam a continuidade de existência para essa espécie.

Por outro lado, ainda não conseguem afirmar se isso é algo ruim para os animais. Isso acontece porque mesmo se desenvolvendo em idades avançadas, pode não ser prejudicial, como é o caso das lontras, onde ajuda a proteger as válvulas cardíacas. Por fim, os pesquisadores sabem que questões ainda precisam ser elucidadas.

O artigo foi publicado no Scientific Reports.

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