Na cidade de Içara, o fotógrafo Bruno Neka dal Pont registrou imagens no mínimo curiosas. Um cervo exótico nativo da Índia e do Nepal deu as caras no sul de Santa Catarina, diretamente para os cliques de dal Pont.
O animal que dal Pont registrou nas fotos, por conseguinte, é da espécie Axis axis, ou chital, e segundo o próprio fotógrafo, o animal era extremamente arisco. “Ele é muito arisco, se vê uma pessoa, desaparece. Eu bati a foto de dentro do carro e fiquei esperando vários minutos até ele aparecer. Tive que ter paciência, não foi fácil”, afirma Bruno dal Pont ao G1.
O cervo exótico estava andando por uma propriedade privada, próxima ao bairro Cristo Rei, quando o fotógrafo o encontrou. Ademais, outros moradores afirmam já ter visto o bicho por lá.
Como dito antes, a espécie não é nativa do Brasil e ainda é um mistério como ela chegou aqui. Contudo, é possível que o animal tenha escapado de fazendas de caça aqui no Brasil ou mesmo na Argentina. Segundo especialistas, a espécie pode causar diversos problemas para a fauna local.
Cervo exótico e invasor
Juntamente à destruição de hábitats, a introdução de espécies invasoras é um dos maiores motivos de extinção de espécies nativas. O javali é outro exemplo clássico de invasor no Brasil. Este animal preda e compete com espécies nativas, além de prejudicar o crescimento de florestas e fertilização do solo.
O Axis axis, nesse sentido, tem um efeito parecido com o do javali, conquanto o estrago não seja tão grande. Acontece que a espécie exótica não tem predadores naturais aqui no Brasil, ainda que onças possam predar o bicho.
Além disso, essa espécie é maior e mais resistente que o nativo veado-galheiro, comum do sul do país até o pantanal. A reprodução do Axis axis pode, eventualmente, levar ao desaparecimento da espécie nativa brasileira. Outras observações do cervo exótico já vêm acontecendo em Santa Catarina dede 2019, aliás.
“Esses animais estão fugindo [das fazendas de caça] e reproduzindo. É a introdução de uma espécie exótica que pode trazer consequências para o futuro. Porque nós temos as condições para ter este tipo de cervo em nossa região. A questão é que a nossa espécie, que era o veado galheiro, desapareceu”, disse Marcelo Duarte, especialista do Centro de Reabilitação de Animais Silvestres, ao G1.