Ninguém nunca havia encontrado um, mas sabia-se que há uma população de asteroides com cerca de 1 km de diâmetro orbitando o Sol mais próximo do que Vênus. Agora, os astrônomos encontraram um desse grupo – o primeiro asteroide dentro da órbita de Vênus.
Isso não significa nada extraordinário em uma primeira vista, e nem é uma região tão próxima do Sol, no entanto. Vênus é o segundo planeta mais próximo do Sol, embora muitos pensem que seja o primeiro. O mais próximo é Mercúrio.
No entanto, Vênus é o planeta mais quente do sistema solar graças à sua densa atmosfera. E é esse caminho que estamos tomando na Terra com tanta emissão de gases de efeito estufa.
Embora a descoberta não indique nada diretamente extraordinário, há algo sim muito extraordinário nela. Trata-se de uma evidência que pode vir a ser, mais tarde, uma confirmação de mais uma bela previsão dos modelos feitos pela ciência.
A descoberta foi feita pelo projeto ‘Zwicky Transient Facility’. O projeto é um levantamento astronômico (um mapeamento do céu), que utiliza uma câmera acoplada em um dos telescópios do Observatório Palomar, nos EUA.
Em um novo estudo, liderado pelo Dr. Wing-Huen Ip, da Universidade Central Nacional de Taiwan e publicado no momento apenas como preprint no arXiv, os astrônomos descrevem a descoberta.
Quem é o primeiro asteroide dentro da órbita de Vênus?
Maior do que a previsão para os outros asteroides do local, ele possui cerca de 2 km de diâmetro. Para colocar em perspectiva, é como o tamanho de aproximadamente 20 quarteirões padrão.
Denominado 2020 AV2, bem maior do que o tamanho que se imaginava ser o limite para a população. Talvez ele seja simplesmente uma exceção, ou talvez haja ainda uma nova população de asteroides por ali.
Ah, e isso não necessariamente significa um risco para a Terra, é claro. O sistema solar está repleto de asteroides, em diversos pontos, e é bastante comum que a Terra capture asteroides por alguns meses, as mini-luas.
Uma população completa?
Conhecemos aproximadamente um milhão de asteroides (mas há muito mais, esses são apenas os catalogados). No entanto, pouquíssimos estão confinados dentro da área a órbita terrestre. Eles são chamados de asteroides Atira.
A população de asteroides prevista para as proximidades de Vênus é a Vatira. Da mesma forma, é fácil perceber que é um nome adaptado. Trata-se de algo muito parecido com o que há na Terra, mas estima-se que existam ainda menos asteroides lá do que na população Atira.
As primeiras observações do 2020 AV2 foram feitas em janeiro de 2020 pelo Zwicky Transient Facility (ZTF). Depois de algumas semanas, ainda em janeiro, os pesquisadores utilizaram o telescópio Keck.
Com o Keck, foi possível coletar dados espectrográficos, ou seja, entender a composição do asteroide pelas cores de luz refletidas. A assinatura do asteroide mostrou, portanto, que ele vem do cinturão de asteroides entre Marte e Júpiter.
No entanto, ele pode, também, vir de ainda mais próximo do Sol. No próprio estudo os cientistas citam modelos que indicam a formação de asteroides no entornos da órbita de Mercúrio.
“Um encontro com um planeta provavelmente lançou o asteroide na órbita de Vênus”, explica explica Tom Prince em um comunicado.
“É o oposto do que acontece quando uma missão espacial passa por um planeta para obter um aumento de gravidade. Em vez de obter energia de um planeta, ela a perde”, diz.
Em conclusão, agora resta descobrir um pouco mais sobre a origem do asteroide, e encontrar alguns desses seus companheiros.
O preprint foi publicado no arXiv. Com informações de Universe Today e Caltech.