A poluição espacial está chegando a limites preocupantes. Desde a década de 1990, o acúmulo de resíduos espaciais tem crescido consideravelmente. Isso se torna um problema para satélites, astronautas e até para nós aqui na terra. Além disso, o aumento de satélites em órbita significa um problema visual, que pode comprometer pesquisas de astrônomos. Estaria então a astronomia ameaçada?
Um “aterro” no espaço
A imagem acima, modelo da NASA, mostra a quantidade de lixo que orbitava a terra em 2011. Já é possível ver que o problema está chegando a limites preocupantes. Os resíduos, que viajam a velocidades de até 28 mil Km/h, colocam naves e satélites em risco de colisão, e o impacto poderia causar sérios danos. Em algumas ocasiões, tripulantes da Estação Espacial Internacional (ISS) precisaram buscar refúgio em naves de emergência, devido a dejetos espaciais que passaram muito próximos.
Infelizmente, ainda não existe uma tecnologia viável que permita a limpeza do espaço. Alguns engenheiros e cientistas já estão trabalhando em ideias para isso, mas, por enquanto, elas não são acessíveis economicamente.
Projetos recentes de empresas espaciais podem aumentar ainda mais a chance de existir grande quantidade de lixo espacial no futuro.
O projeto Starlink e a poluição visual
Mais recentemente, algumas empresas como a SpaceX começaram a enviar satélites em massa para o espaço. Essa empresa espacial, especificamente, queria lançar em órbita até 42 000 satélites, para conectar o mundo inteiro com internet banda larga – numa iniciativa chamada Starlink.
O projeto da SpaceX tem recebido várias críticas de cientistas ao redor do globo. Uma das preocupações é de que a Starlink poderia, justamente, acabar criando “cascatas” de lixo espacial. Outra é de que os objetos poderiam causar séria interferência nos equipamentos dos cientistas.
Além disso, a poluição visual seria outro grande problema, pois os satélites refletem suficiente luz solar à noite e podem ser vistos até a olho nu. A enorme quantidade de satélites em órbita poderia então deteriorar toda a nossa imagem do céu.
Em 2019, mais de uma dezena de milhares de pesquisadores na área pediu a regulamentação do projeto Starlink. Logo depois, a Comissão Federal de Comunicações deu à empresa a permissão para lançar até 30 mil satélites.
Astronomia ameaçada
A observação astronômica vem sendo prejudicada pela presença desses objetos. Um exemplo é o caso do fotógrafo e observador astronômico, Daniel López, que tentou fotografar o cometa Neowise. Justamente no momento da foto, um grupo de satélites passou na frente do cometa.
De acordo com o astrônomo James Lowenthal, de Smith College, muitos objetos brilhantes no céu podem prejudicar fortemente a observação astronômica. Como resultado, seria uma ameaça grave a essa ciência. Em seguida, a Sociedade Espanhola de Astronomia (SEA) divulgou um documento afirmando que a multiplicação dos satélites artificiais prejudica a atividade dos cientistas.
Tentativa de “escurecer” os satélites
Devido a todos esses alertas, o CEO da SpaceX, Elon Musk, prometeu tentar reduzir o impacto do projeto Starlink. Assim, a empresa agora está lançando ‘satélites escuros’ para tentar impedir os danos à pesquisa astronômica. Em janeiro deste ano, a empresa lançou 60 satélites experimentais, supostamente revestidos com uma camada de escurecimento.
No início desse ano, foi lançado um protótipo chamado de DarkSat. Recentes observações revelaram que o seu brilho é de cerca de metade de um satélite padrão Starlink. Especialistas dizem que é um grande avanço, mas os astrônomos afirmaram que ainda não é o suficiente.
Com informações de Scientific American e Business Insider.