Asteroide que matou os dinossauros não foi o maior

Daniela Marinho
Imagem: Canva

A queda do asteroide que matou os dinossauros certamente é um dos maiores acontecimentos do qual se tem notícia na história, responsável por provocar mudanças importantes no planeta Terra, incluindo a extinção de milhões de espécies de plantas e animais, bem como o colapso ecológico que transformou o clima e os oceanos.

Não à toa, a queda do asteroide marcou o fim do período Cretáceo. A cratera Chicxulub, formada pelo impacto da colisão e localizada na península de Yucatán, onde hoje é o atual México, é estudada desde 1970.

No entanto, um estudo publicado recentemente concede o título de maior evento de liberação de energia da Terra ao asteroide Vredefort, considerado duas vezes mais largo do que o asteroide que extinguiu os dinossauros.

Cratera Vredefort

A cratera Vredefort, localizada cerca de 120 quilômetros a sudoeste de Joanesburgo, atual África do Sul, tem 159 quilômetros de diâmetro; o que a faz ser a mais extensa cratera visível no planeta. Mas ela não possui apenas essa característica, a cratera Vredefort foi considerada maior do que a cratera Chicxulub.

A constatação, a priori equivocada – pois a cratera Chicxulub mede cerca de 180 quilômetros de diâmetro – só foi possível após alguns estudos na área: as crateras de impacto sofrem, ao longo dos anos, um processo de desgaste natural. Desse modo, estima-se que a cratera Vredefort tinha originalmente 250 a 280 km de diâmetro, o que a configura como a maior cratera de impacto da Terra, embora hoje seja menor do que a cratera Chicxulub.

Em pesquisas anteriores, os cientistas acreditavam que a cratera Vredefort teria 172 quilômetros de largura e que teria colidido com a Terra a uma velocidade de 53.900 km/h. Além disso, o asteroide teria cerca de 15 quilômetros de diâmetro.

Contudo, com as novas informações, as estimativas de medidas foram refeitas. De acordo com o estudo publicado no Journal of Geophysical Research: Planets, o asteroide tinha entre 20 e 25 km de diâmetro e estaria viajando entre 45.000 e 56.000 mph (72.000 e 90.000 km/h) no momento em que colidiu com o planeta.

Portanto, o estudo apresenta projeções mais precisas, podendo auxiliar no trabalho de pesquisadores com relação à construção de modelos geológicos mais condizentes com a realidade.

O impacto gerou uma enorme cicatriz, sinalizando com base no tamanho da cratera, que o asteroide possuía duas vezes a largura da rocha que causou o fim dos dinossauros.

Impactos desastrosos

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Cratera Vredefort. Imagem: Lauren Dauphin/NASA Earth Observatory/Landsat

Embora tenha sido descoberta apenas nos anos 70, a cratera Chicxulub foi formada cerca de 66 milhões de anos atrás; já a cratera Vredefort data de 2 bilhões de anos.

Na ocasião da queda do asteroide que dizimou os dinossauros, possuindo cerca de 12 quilômetros de largura, os impactos foram catastróficos: houve incêndios florestais, ondas com quilômetros de altura que geraram um tsunami que varreu metade do planeta, chuva ácida que durou anos, enormes quantidades de enxofre liberadas para a atmosfera.

Esse último efeito gerou o bloqueio de luz solar na Terra, ocasionando o resfriamento do clima por um longo período. Além disso, a queda do enxofre por décadas foi o que levou ao tempo exacerbado para que a vida se recuperasse, sobretudo os organismos oceânicos. Ao todo, 75% da vida no planeta foi destruída em consequência direta e indireta da colisão.

Em contrapartida, o asteroide Vredefort não causou alguns dos efeitos desastrosos citados, uma vez que na época do evento, havia apenas vida unicelular, não existindo sequer árvores.

Isso não significa, portanto, que a colisão que causou um impacto cataclísmico não tenha gerado profundas consequências: “[…] o impacto teria afetado o clima global potencialmente mais extensivamente do que o impacto de Chicxulub”, como explicou Miki Nakajima, cientista planetário da Universidade de Rochester, coautor da pesquisa.

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