Dois asteroides podem ter dizimado os dinossauros

Chicxulub, o asteroide que extinguiu a maioria dos dinossauros, pode ter tido um "irmãozinho".

Dominic Albuquerque

Na costa da África Ocidental, a centenas de metros abaixo sob o assoalho oceânico, cientistas identificaram o que parecem ser os restos de uma cratera de impacto com 8.5 quilômetros de largura, a qual nomearam de Nadir.

A equipe acredita que a cratera se formou aproximadamente na época que o Chicxulub atingiu o México. Se isso for confirmado, poderia significar que os dinossauros não aéreos encontraram a sua ruína diante o golpe de dois asteroides, não um.

Cerca de 200 crateras de impacto já foram descobertas na Terra, a maioria das quais na porção continental. Isso porque os impactos no mar gradualmente são cobertos por sedimentos, de acordo com Veronica Bray, cientista planetária da Universidade do Arizona. Isso torna a estrutura da cratera Nadir um achado científico valioso, independente da sua data de origem.

O geólogo Uisdean Nicholson, da Universidade Heriot-Watt de Edimburgo, encontrou a estrutura quando analisava dados coletados por ondas sísmicas transmitidas no subsolo para detectar estruturas físicas ao largo da Guiné.

À espreita, abaixo do fundo do mar — sob cerca de 1 km d’água — ele encontrou uma estrutura em forma de tigela com um piso quebrado em terraço e um pico central bem pronunciado, características que se esperam de um grande impacto.

Baseando-se nas dimensões da estrutura, Bray, Nicholson e seus colegas calcularam que, se um asteroide for responsável por isso, ele provavelmente teria mais de 400 metros de largura. Além disso, os pesquisadores estimam que o impacto teria tido a magnitude de um terremoto de escala 7, e originado tsunamis com centenas de metros de alturas.

Apesar disso, o impacto Nadir teria sido menos devastador que o do asteroide Chicxulub, que 10 quilômetros, de acordo com Michael Rampino, geólogo da Universidade de Nova York, não presente no estudo. “Ele não teria tido efeitos globais”, disse.

A equipe estima que a estrutura teria se formado ao fim do período Cretáceo, há 66 milhões de anos atrás. O asteroide Nadir pode até ter sido um par com o Chicxulub, se separando devido às forças gravitacionais em curso durante uma ronda prévia sobre a Terra, especularam os cientistas.

O estudo, todavia, ainda não convenceu alguns especialistas. “Se parece com uma cratera de impacto, mas também poderia ser outra coisa”, disse o geólogo Philippe Claeys, da Vrije Universiteit Brussel, na Bélgica, não envolvido no estudo. O cientista ainda afirma que evidências sólidas serão necessárias para confirmar que a estrutura de fato é uma cratera de impacto.

Outras alternativas que poderiam explicar sua identidade incluem uma caldeira vulcânica colapsada ou um corpo de sal espremido chamado diápiro de sal.

A idade da estrutura Nadir também é outra incerteza. Os dados sísmicos apontam que ela pode ter se formado ao final do período Cretáceo ou talvez um pouco mais tarde, diz Claeys. “Mas isso é o melhor que eles podem dizer”. Perfurar a cratera em busca de minerais que contenham elementos radioativos podem fornecer dados mais precisos da sua formação, de acordo com Rampino.

Bray e seus colegas estão negociando em busca de fundos para coletar amostras da cratera, com expectativas de começar as perfurações em 2024. Isso vai responder algumas questões, e talvez originar outras. “Se provarmos que esse é o irmão do assassino de dinossauros, então quantos outros irmãos estão por aí?”

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