Asteroide que acompanha a órbita da Terra pode ser um pedaço da Lua

Jônatas Ribeiro
Imagem: Kamo'olewa e a Lua

O Sol, os planetas rochosos e gasosos, a Lua terrestre, as luas que orbitam nossos planetas vizinhos, entre outros corpos, como, por exemplo, asteroides. Todos esses objetos fazem parte do Sistema Solar. Além claro, dos cometas, que podem transitar de um limite do sistema até o outro. Estamos, contudo, constantemente revendo classificações e categorias de corpos celestes, graças a novas descobertas e observações. Isso, aliás, quando não encontramos algum objeto até então não observado.

Um bom exemplo é Oumuamua. Bastante peculiar, esse objeto já confundiu os astrônomos. Isso porque, primeiro, foi classificado como cometa, quando foi descoberto. Depois, foi reclassificado como asteroide. Afinal, não poderia ser cometa se não apresentava a característica cauda que se forma quando esse tipo de corpo se aproxima do Sol. Ainda, descobriu-se que, tomando a devida aceleração e extrapolando sua trajetória, Oumuamua não poderia ser capturado por uma órbita solar. Assim, não está ligado pela gravidade à nossa estrela-mãe. Foi, portanto, o primeiro corpo interestelar que já detectamos passando por nosso sistema.

A descoberta de Oumuamua é impressionante. Mas também é muito recente, mostrando que ainda há muito para conhecer sobre objetos do Sistema Solar. Como, por exemplo, no caso do asteroide Kamoʻoalewa.

Um asteroide (quase) entre nós

terreno de asteroide
Imagem: Sharkey et al., Nature Communications, 2021

Com mais de 50 metros de diâmetro, o “objeto celestial oscilante”, significado de seu nome em havaiano, acompanha a órbita da Terra no Sistema Solar. E, em seu movimento em torno de nós, pode chegar a cerca de 14,5 milhões de quilômetros de distância de nosso planeta. Ou seja, está, no mínimo, a uma distância mais de 30 vezes maior do que a da Lua. No ponto mais distante de sua trajetória, ainda, o asteroide fica a cerca de 40 milhões de quilômetros da Terra.

Os dados obtidos pelos astrônomos permitem calcular o trajeto de Kamo’oalewa pelo céu. Mais que isso, na verdade, permitem também calcular o passado de sua trajetória. Assim, tudo indica que o asteroide começou a rodear nosso planeta há cerca de um século. E ainda, vai continuar nos visitando por mais algumas centenas de anos.

Isso tudo porque mesmo sendo relativamente distante de nós, Kamo’oalewa é visível por nossos equipamentos modernos. Contudo, de forma limitada, considerando também suas dimensões não muito grandes. Não é tão simples, portanto, dizer de onde esse curioso objeto veio. Ou pelo menos, até agora.

Kamo’oalewa: um pedaço da Lua

terreno da lua
Imagem: NASA

De acordo com um estudo recente, já podemos possivelmente ter uma ideia das origens do objeto. Esperava-se, antes, que Kamo’oalewa teria em sua composição minerais tipicamente encontrados em asteroides. Medidos a partir dos momentos em que estava mais iluminado pelo Sol, contudo, os dados passaram a mostrar outra coisa. No caso, que o corpo estaria mais próximo, na verdade, da nossa Lua.

Alguém poderia pensar que o asteroide seria, então, mais uma lua. Isto é, mais um satélite natural. Porém, Kamo’oalewa liga-se pela gravidade ao Sol, e não à Terra. Ou seja, poderíamos chamá-lo, na verdade, de quase-satélite. De qualquer forma, pelo que conhecíamos, poderia ser um asteroide capturado pelo Sol e apenas parecido com nosso satélite natural. Ou então, um fragmento de um asteroide destruído pela gravidade Terra-Lua.

Os novos dados, contudo, dão apoio para uma origem lunar do asteroide. Ou seja, que pode ter sido criado por um impacto em nosso satélite. E há ainda outra coisa interessante: há outros três objetos com uma órbita parecida com a de Kamo’oalewa. Mas sobre esses, sabemos ainda menos. Então, até termos mais informação, ficamos com apenas com essa possibilidade empolgante no ar. Isto é, de que talvez tenhamos um pedaço da Lua flutuando pelo espaço. O trabalho foi publicado na revista Communications Earth and Environment.

Compartilhar