Armas nucleares táticas: o que são?

Dominic Albuquerque
Imagem: Ramil Sitdikov

Desde a invasão da Ucrânia pelas forças russas há especulação sobre a possibilidade do gigante euroasiático usar “armas nucleares táticas” contra seu vizinho.

Mas o que são armas nucleares táticas? E como elas se diferenciam de armas nucleares “estratégicas”?

O que são armas nucleares estratégicas

Armas nucleares estratégias são o tipo com o qual estamos familiarizados, e que estiveram presentes na Segunda Guerra Mundial ao serem lançadas contra Hiroshima e Nagazaki.

As definições específicas variam para cada país, mas normalmente o termo se refere a dispositivos nucleares que possuem um alcance de nível alto ou intercontinental. Essas armas são criadas para atingir alvos estratégicos, geralmente bem maiores em efeito, e seu lançamento é realizado em áreas bem distantes do campo de batalha, longe de qualquer prejuízo em potencial para os civis e militares do país lançador.

Elas podem causar um dano enorme e indiscriminado em áreas grandes, ainda que dispositivos menores (como um usado para derrubar um silo de mísseis inimigo) lançados a um grande alcance possam ser classificados como armas nucleares estratégicas.

armas nucleares táticas

O que são armas nucleares táticas

Armas nucleares táticas formam cerca de 30% a 40% dos arsenais nucleares dos Estados Unidos e Rússia, e quase 100% em alguns outros países. Elas são voltadas para ataques com um alcance menor quando comparadas às estratégicas, e incluem armas que podem ser lançadas do ar, mar e terra.

As definições também variam de acordo com o país (a França, por exemplo, considera todo o seu arsenal como estratégico), e alguns nomeiam armas de curto alcance como estratégicas ao invés de táticas. Todavia, elas geralmente são menores que armas nucleares estratégicas em termos de carga útil, e são criadas para atingir alvos menores, ou para a execução de ataques diretos em campo de batalha.

Devido ao curto alcance, as armas nucleares táticas não são intencionadas para causar destruição nuclear ou radioativa em massa, seja por objetivos táticos ou para evitar problemas para o lado lançador. Essas armas incluem mísseis de curto alcance, minas terrestres, projéteis de artilharia, cargas de profundidade e torpedos.

Acordos limitando o poder e tamanho de armas nucleares táticas já foram feitos entre a Rússia e os Estados Unidos, mas essas armas não são tão reguladas quanto as estratégicas. E ainda que menores em poder de fogo, elas não são ausentes de risco, uma vez que ainda são bombas nucleares. O seu uso em campo de batalha pode acabar escalando o nível do conflito.

“De certas maneiras, [armas nucleares táticas] são mais perigosas que armas estratégicas”, escreveu Nikolai Sokov, Senior Fellow no The James Martin Center for Nonproliferation Studies, num artigo para a Nuclear Threat Initiative.  

“Seu tamanho pequeno, vulnerabilidade ao roubo e percepção de usabilidade tornam a existência de ANTs em arsenais nacionais um risco para a segurança global. E a nova percepção da usabilidade de armas nucleares na Rússia e nos Estados Unidos, embora por razões diferentes, pode criar um precedente perigoso para outros países”, explicou Sokov.

Compartilhar