Animais marinhos estão nadando em círculos e ninguém sabe o motivo

Mateus Marchetto
Animais marinhos curiosamente nadam em círculos e ninguém sabe exatamente o motivo. (Imagem de Pexels por Pixabay)

Você já deve ter ouvido falar que o caminho mais curto entre dois pontos sempre será uma reta. Agora imagine uma tartaruga marinha, que tem a imensidão do oceano para nadar. Teoricamente, para nadar mais rápido e economizar mais energia, o animal deveria nadar em linha reta até atingir seu destino final. No entanto, pesquisadores acabam de observar um estranho padrão de natação em círculos em animais marinhos.

Para isso, pesquisadores da Universidade de Tokyo, no Japão, usaram uma tecnologia de mapeamento tridimensional em animais marinhos. Os bichos observados foram quatro tubarões-tigre, um tubarão-baleia, três tartarugas-verdes, seis pinguins imperadores, quatro lobos-marinhos-antárticos e uma baleia-bicuda-de-cuvier. Além do mais, os pesquisadores consideraram um evento de circulação toda vez que o animal dava mais de dois círculos consecutivos.

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(Imagem de Des Kerrigan por Pixabay)

Usando esses métodos, os pesquisadores observaram um total de 272 eventos de circulação, apenas nos tubarões, por exemplo. Ademais, esses eventos aconteceram majoritariamente (88% das vezes) durante o dia, e eram muito mais frequentes quand os animais estavam em áreas de alimentação ou reprodução. Esse tipo de comportamento já teve registros antes, com as baleias jubarte, que criam redes circulares de bolhas ao redor de suas presas.

Círculos como os de uma bússola

A megafauna marinha habita um ambiente extremamente amplo. Algumas espécies de baleias, por exemplo, podem migrar mais de 10.000km em questão de poucos meses. Para tanto, acreditaa-se que a maioria dos animais marinhos, assim como as aves, poderia usar o campo magnético da Terra para se orientar durante suas viagens pela imensidão azul. Assim, segundo os autores, nadar em círculos repetidamente poderia ser uma forma de detectar mais precisamente o campo magnético.

Além do mais, nadar em linha reta poderia fazer com que os animais deixassem de notar alimentos ou parceiros em potencial. Portanto, outra hipótese é que os bichos podem circular dessa forma para abranger uma área maior na chance de encontrar alimento. Uma das explicações evolutivas e comportamentais mais plausíveis até o momento.

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(Tomoko Narazaki, iScience.)

Além do mais, os pesquisadores observaram alguns padrões no momento da formação dos círculos. A baleia, por exemplo, nadou em círculos geralmente após um mergulho a altas profundidades (>700m). Já os lobos-marinhos e penguins tiveram esse comportamento sobretudo em águas rasas (<1m). Tartarugas ainda nadaram intensamente em círculos, mais de 70 vezes, logo antes de atingirem seu destino final.

O estudo oferece, portanto, observações valiosas a respeito de um comportamento animal desconhecido e pouco observado. Contudo, as conclusões e hipóteses ainda são bastante vagas, e pesquisas com um número mais abrangente de animais ainda deverão acontecer para maiores resultados.

O artigo está disponível no periódico iScience.

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