Milhares de animais estão fugindo para os polos. Agora sabemos por quê

Erik Behenck
Animais marinhos estão indo para os polos mais rápido que os terrestres. Getty Images

O aquecimento global está causando algumas modificações no mundo inteiro, sendo que milhares de animais estão fugindo para os polos. Aliás, isso vem acontecendo de uma maneira cada vez mais rápida. Assim, foi realizado um estudo identificando mais de 30 mil mudanças de habitat, em mais de 12 mil espécies de bactérias, fungos, plantas e animais.

O banco de dados com estas informações é conhecido por BioShifts, traz a primeira análise abrangente deste tipo. Por mais que esse banco de dados seja limitado conforme as pesquisas humanas, é possível sugerir que animais marinhos estão seguindo mudanças semelhantes às adotadas pelos animais terrestres.

Por que animais estão fugindo para os polos?

Segundo o levantamento, animais estão fugindo para os polos devido a mudanças de temperatura. Assim, a medida em que o planeta esquenta, principalmente os animais marinhos estão buscando águas mais geladas, em um ritmo bem mais rápido do que animais terrestres.

A análise conseguiu identificar que os anfíbios estão 12 metros mais próximos dos polos a cada ano, assim como os insetos, que carregam muitas doenças e estão se aproximando 18,5 quilômetros dos polos a cada ano. Já os répteis seguem em direção contrária, se aproximando 6,5 metros por ano do equador.

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Em relação as espécies marinhas, a média é de 6 quilômetros por ano, enquanto para os animais terrestres a média ficou em 1,8 metro, o que é mais rápido do que as últimas estimativas.

Por que há uma diferença grande entre Terra e água?

É um fato que os animais estão fugindo para os polos, mas qual é o motivo da discrepância entre os terrestres e aquáticos? Conforme a pesquisa, isso pode ser motivado pela sensibilidade à temperatura. O ar conduz o calor 25 vezes menos do que a água, além disso, muitos animais terrestres conseguem regular a temperatura do corpo.

E tem outro detalhe importante: os animais que vivem na água conseguem migrar de uma forma muito mais rápida. Dessa forma, em terra as atividades humanas acabam impedindo o movimento dos animais.

“Na terra, a perda de habitat e a fragmentação devido às mudanças no uso da terra podem impedir a capacidade das espécies terrestres de rastrear as isotermas em movimento [linhas em um mapa conectam regiões com a mesma temperatura]”, escrevem os autores.

O que isso quer dizer?

Caso os autores estejam certos e a vida marinha esteja acompanhando as mudanças de temperatura do planeta, em longo prazo isso poderá ter repercussões terríveis. Por exemplo, durante a Extinção Permiano-Triássica, pouquíssimos organismos marinhos permaneceram no mesmo habitat, já que os níveis de oxigênio caíram.

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Entretanto, os pesquisadores reconhecem que o banco de dados possui limites. Por mais abrangente que seja, o BioShifts cobre somente 0,6% de toda a vida conhecida na Terra. Por outro lado, os animais analisados aparecem entre os mais adorados e importantes para os seres humanos.

O levantamento indica ainda que a pesca comercial pode acelerar esse deslocamento, já que os recursos marinhos podem entrar em colapso. Por fim, os pesquisadores trabalham com o que possuem em mãos e isso mostra claramente um cenário para o futuro.

O estudo foi publicado na Nature Ecology & Evolution.

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