Em estudo publicado recentemente, os pesquisadores da Caltech identificaram uma prática tática de sobrevivência que as abelhas (Apis mellifera), ao caírem na água, podem usar para escapar do afogamento: impulsionando-se através da água usando as asas para gerar uma onda – um comportamento nunca antes documentado em insetos. Elas simplesmente aprenderam a surfar!
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“O movimento das asas da abelha cria uma onda que seu corpo é capaz de avançar”, diz o engenheiro biomecânico Morteza Gharib.
Essa estranha descoberta aconteceu totalmente por acaso, em uma observação casual do co-autor de Gharib, engenheiro de pesquisa Chris Roh, que um dia observou uma abelha presa na água em uma lagoa imóvel no campus de Caltech. Enquanto Roh observava, ele viu as asas batendo da abelha gerar pequenas ondulações atrás dela na superfície da lagoa.
Para poder entender melhor o que estava acontecendo, Roh rapidamente arrancou a abelha (agora voluntária involuntária de pesquisa) da água e a levou para o laboratório. Lá, com Gharib, os dois cientistas estudaram ela e outras 32 outras abelhas, em experimentos em que suas batidas de água podiam ser estudadas de perto.
Gravando as abelhas agitando em uma panela cheia de água e filmando a atividade em câmera lenta – os pesquisadores observaram o segredo da estratégia de saída da lagoa utilizada pelas abelhas.
As abelhas usam as asas molhadas como hidrofólios para propulsão da superfície da água, sua locomoção confere impulso hidrodinâmico à água circundante na forma de ondas assimétricas e uma corrente de jato de água mais profunda, gerando empuxo médio de ∼20-μN. Essa é uma maneira de fato, muito eficiente de se locomover na água.
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Felizmente, a técnica do hidrofólio – auxiliada pela maneira como as abelhas angulam suas asas ao bater para cima e para baixo (para maximizar alternadamente e minimizar o contato com a água, enquanto empurram e recuperam as asas) é suficiente para que elas se movam ao longo de três vezes comprimentos de seu corpo por segundo.
No entanto, os experimentos revelaram que as abelhas não conseguem sustentar indefinidamente o movimento do hidrofólio – após cerca de 5 minutos, eles mostraram sinais de fadiga muscular, isso por que é muito mais difícil bater as asas na água do que no ar, como elas estão acostumadas.
No entanto, pelo menos em uma lagoa pequena, é provável que 5 minutos seja o tempo suficiente para navegar em segurança e até a terra.
O artigo científico foi publicado na PNAS.
FONTE / Science Alert