Cinco extinções em massa já aconteceram no planeta Terra, algumas vezes com mais de 90% das espécies do planeta acabando extintas. Especialistas afirmam, contudo, que a biodiversidade do planeta entrou recentemente em sua sexta extinção em massa – e dessa vez por nossa culpa.
De acordo com uma nova pesquisa da University of Hawai‘i e do Muséum National d’Histoire Naturelle, de Paris, as estimativas-base sobre a extinção de animais atualmente não têm levado em consideração fatores importantes para uma análise completa.
O artigo publicado no periódico Biological Reviews cita, por exemplo, que a Lista Vermelha da IUCN conta com dados de quase todas as espécies de mamíferos e aves conhecidas. Contudo, apenas uma pequena fração de invertebrados – como insetos – está estudada e avaliada em termos de comparação pela IUCN. Segundo os autores, esse vácuo nas estimativas fornece falsas interpretações sobre a real perda de diversidade mundial.
“Frequentemente, usa-se a Lista Vermelha da IUCN para se apoiar [esta] posição, argumentando que a taxa de perda de espécies não diferencia da taxa padrão. Contudo, a Lista Vermelha é altamente enviesada: quase todas as aves e mamíferos mas apenas uma pequena fração de invertebrados foram avaliados sob critérios de conservação.”
No artigo, os autores completam: “Incorporando estimativas do real número de extinções de invertebrados leva à conclusão de que a taxa [de extinção] excede vastamente a taxa padrão e que nós podemos de fato estar testemunhando a Sexta Extinção em Massa.”
Extinção em massa e os dados para invertebrados
Como exemplo, os autores estimam o número de extinções de espécies de moluscos nos últimos 500 anos. Os moluscos, vale comentar, são o segundo maior filo de animais vivos (atrás apenas dos artrópodes). De acordo com a pesquisa, entre 150.000 e 260.000 espécies de moluscos se extinguiram desde o ano 1500. Em comparação, a Lista Vermelha mostra apenas a extinção de 882 destas espécies.
“Taxas de extinção de espécies drasticamente aumentadas e abundâncias diminuindo de muitas populações de animais e plantas são bem documentadas, ainda assim alguns negam que esses fenômenos criem uma extinção em massa”, diz o autor Robert Cowie em uma declaração.
De fato, todas as 5 extinções em massa antes da atual aconteceram por razões naturais, muito antes dos primeiros humanos descerem das árvores e saírem do continente Africano. Contudo, apesar da resiliência da vida no planeta, a espécie humana está alterando o ambiente a um nível que pode não ser sustentável para manter a importante biodiversidade do planeta.
Em última instância, as consequências ecológicas e globais podem levar à extinção da nossa própria espécie. É provável, aliás, que a vida no planeta se recupere dos nossos prejuízos em milhares de anos. Contudo, é possível também que não estejamos aqui para ver, caso as ações necessárias não sejam tomadas.