A menor distância que você pode chegar de um buraco negro

Felipe Miranda
(Créditos da imagem: NASA/JPL-Caltech)

Um buraco negro é um dos mais misteriosos objetos do espaço, um fenômeno amado pelos cientistas e pelo público geral.

As únicas coisas que sabemos sobre buracos negros é que é um ponto muito denso de matéria colapsada, gerando um grande e faminto objeto.

A uma determinada distância, você não corre sérios riscos, é uma órbita comum. Mas há um ponto irreversível: o horizonte de eventos. Ele é um “portal” de onde nem a luz escapa.

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A matéria que ele está engolindo é tão acelerada e sofre tanto atrito que forma um núcleo galáctico ativo (AGN). Quando falamos em “observar” um buraco negro, estamos observando apenas essa radiação liberada.

Uma pergunta que você deve estar se fazendo: a qual distância se pode chegar do buraco negro sem ser engolido?

Recentemente, cientistas publicaram um novo estudo, em que tentam, por meio de raios-X, encontrar com alguma precisão o ponto chamado de ISCO.

ISCO é uma sigla para innermost stable circular orbit – órbita circular estável mais interna, no português.

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Esse ponto, onde a órbita já não é elíptica, como a da terra em torno do Sol, mas circular, é um ponto previsto pela Relatividade Geral, mas nunca foi observado.

O estudo foi publicado na Monthly Notices da Royal Astronomical Society e está disponível gratuitamente na forma de preprint no ArXiv. 

A importância do ISCO

Segundo o estudo, esse é um ponto importante de se conhecer, para que se possa entender melhor a radiação e jatos de partículas liberados e o motivo pelo qual os buracos negros atraíram outros objetos para formar algumas galáxias.

Os cientistas utilizaram um método chamado de mapeamento de reverberação, com os raios-X. A reverberação é a reflexão de uma onda, como um eco.

Conforme o estudo, geralmente para o cálculo do ISCO é utilizado o efeito Doppler: quanto mais próximo do horizonte de eventos, maior o desvio para o vermelho.

No entanto, estamos falando de uma condição extrema, e por alguns motivos há distorções nesses fatores, o que faz com que não seja um meio confiável para esse cálculo. É por esse motivo que se utiliza o rastreamento da reverberação dessa luz.

Simulando o horizonte de eventos de um buraco negro

Com a liberação dos raios-X pelos raios relativísticos (partículas próximas à velocidade da luz) no disco de acreção, os cientistas puderam simular, computacionalmente, os “últimos clamores” da matéria sendo engolida.

Eles notaram, ainda, que a localização do ISCO está diretamente relacionado com a rotação do buraco negro. 

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Se ele gira muito lentamente, o ISCO se localiza a uma distância muito grande, e até 30% das emissões de raios-X vem da região de queda.

Se ele gira muito rápido, o ISCO se localiza próximo ao horizonte de eventos. Em rotações máximas, apenas 2% dos raios-X vêm da matéria em queda acentuada.

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