Até pouco tempo, indícios mostravam que os cães poderiam ter sido domesticados há 11.000 anos. Contudo, estudos recentes mostram que a domesticação dos cães é mais antiga do que se imaginava. Análises genéticas de fósseis mostram que já existiam diversas raças de cães já no final da última era do gelo. Portanto, isso pode ser uma evidência de que a domesticação já estava ocorrendo há muito mais tempo.
Algumas estimativas mostram que esse processo poderia ter começado há mais ou menos 100.000 anos. Entretanto, há um consenso na comunidade científica entre 40.000 e 20.000 anos atrás. De uma forma ou de outra, os humanos já estavam profundamente ligados aos cães muito antes da espécie começar a dominar o planeta.
Todavia, para entender essa ligação com nossos amigos caninos, precisamos entender como ocorre a domesticação.
Os caminhos da evolução
Acredita-se hoje que existam três caminhos principais para a domesticação de um animal: o caminho da presa, o caminho direcionado e o caminho comensal.
O caminho da presa foi o que ocorreu com os animais de criação como os porcos e vacas. Possivelmente as tribos humanas pré-históricas perceberam que era melhor prender os animais em cercados do que caçar toda vez que precisassem de comida. Assim as comunidades preferiam cuidar de animais que tinham a melhor carne ou leite.
Por outro lado, o caminho direcionado foi aquele que ocorreu com os cavalos, burros e camelos. Os H. sapiens não utilizavam esses animais para a produção de alimento, mas eles eram muito resistentes. Desse modo, os humanos começaram a utilizar os bichos mais fortes e mansos para viajar longas distâncias.
Finalmente, no que diz respeito aos nossos cães, temos o caminho comensal. Acontece que após a caçada, os seres humanos acabavam não comendo toda a carne e deixavam restos dos arredores do acampamento. Os lobos, então, se alimentavam desses restos e acabavam se acostumando com os Homo sapiens. Após muitas gerações, os caninos que eram mais sociáveis mantinham contato com as comunidades e acabaram vivendo junto a elas.
Porque a domesticação dos cães pode ser mais antiga do que se imaginava
Há duas evidências principais da domesticação de cães. A primeira são os funerais. Esses ritos simbolizavam, provavelmente, a importância de um indivíduo para a tribo. Contudo, cães também eram enterrados de forma semelhante aos humanos. Isso pode indicar que os cachorros faziam parte das comunidades humanas.
Outra evidência são as análises genéticas. Sequenciamentos do DNA de fósseis de cães ao redor do mundo mostram que esses animais começaram a se diferenciar geneticamente há muito tempo. Muito antes dos estimados 11.000 anos. Além do mais, os cães domesticados apresentam genes que facilitam a digestão do amido. Isso acontece pois quando os humanos começaram a cultivar o trigo, por exemplo, eles começaram também a alimentar os cães com pães e massas.
Com o passar do tempo, além do mais, os humanos começaram a fazer cruzamentos entre diversas linhagens de cães. A partir daí surgiram espécies próprias para a caça, pastoreio e proteção. Ademais, a partir do século 19 criadores de cães desenvolveram novas raças para atender ao mercado de pets.
Artigo científico publicado no periódico Science.