Cães processam a fala da mesma maneira que o cérebro humano; estudo

Erik Behenck
(Imagem: Juan Franco / Pexels)

Será que os cachorros conseguem entender o que falamos? Talvez não, mas eles conseguem identificar o tom usado. Uma pesquisa recém-publicada mostra que cães processam a fala da mesma maneira que o cérebro humano. Eles seguem uma hierarquia de duas camadas, para identificar as palavras faladas.

O estudo foi realizado por pesquisadores da Universidade Eötvös Loránd, na Hungria. Durante os testes, participaram 12 cães, de três raças distintas e entre 2 e 10 anos de idade. Eram seis border collies, cinco golden retrievers e um pastor alemão. Nenhuma das atividades realizadas é prejudicial para o cérebro dos cachorros.

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Os pesquisadores utilizaram o termo “prosódia emocional” para descrever os sentimentos emotivos apresentados pelos cães a cada fala dirigida a eles. Boa parte das pessoas utilizam um tom mais meigo ao falar com os cachorros, como se estivessem conversando com bebês.

Cães processam a fala da mesma maneira que os seres humanos
(Imagem: Enikő Kubinyi / Universidade Eötvös Loránd)

Mas, como os cães processam a fala?

Em primeiro lugar, as regiões subcorticais do cérebro canino identificam a entonação da fala e identificam se é positivo, negativo ou neutro. Em seguida, as áreas corticais do córtex auditivo interpretam o que as palavras dizem, como o comando “deitar”, por exemplo.

Esse estudo foi feito por meio de ressonância magnética e para que os cães ficassem imóveis dentro da máquina, eles foram treinados. Dessa forma, os pesquisadores testaram como o cérebro reagia a três termos: “é isso”, “inteligente” e “bem feito”, faladas em húngaro. Além disso, foram falados com entonação positiva e neutra.

Depois, os pesquisadores testaram palavras conjuntas aleatórias, que foram ditas repetidamente, com uma entonação positiva e neutra. De fato, são termos comuns durante o dia a dia, mas que não apresentam nenhum contexto específico e não possuem um significado para os cães. Assim, testaram os termos: “como se”, “como” e “ainda”.

Na sequência, eles avaliaram como foi o comportamento do cérebro canino em relação as primeiras palavras citadas e as segundas, aquelas sem sentido. Dessa maneira puderam identificar como funciona a hierarquia de processamento de fala no cérebro dos cachorros.

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Um cão prontinho para entrar na máquina de ressonância magnética. (Crédito: Enikő Kubinyi / Universidade Eötvös Loránd)

Cães processam a fala, embora não possam falar

A pesquisa sugere que as regiões subcorticais analisam pistas mais simples, cheias de emoção, o que é representado pela entonação das palavras. Por outro lado, palavras já conhecidas parecem ser avaliadas por regiões de ordem superior. Conforme o autor Attila Andics, o processamento da fala humana pode seguir essa mesma hierarquia.

“Embora o processamento da fala em humanos seja único em muitos aspectos, este estudo revelou semelhanças empolgantes entre nós e uma espécie sem palavras. A semelhança não implica, no entanto, que essa hierarquia tenha evoluído para o processamento da fala”, citou Andics, em um comunicado de imprensa.

O estudo foi publicado na revista Nature. Com informações de Psychology Today.

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