Nos últimos dez anos, um número preocupante de ambientalistas foi assassinado em todo o mundo, com quase 2.000 mortes registradas. Em 2022, um estava sendo morto a cada dois dias, de acordo com um relatório recente.
A Global Witness, uma organização sem fins lucrativos focada em direitos humanos e questões ambientais, divulgou esse estudo alarmante. Ele descobriu que os povos indígenas, que compreendem aproximadamente 5% da população mundial, foram vítimas de aproximadamente 34% desses ataques fatais enquanto lutavam para proteger seus territórios e recursos.
Gabriella Bianchini, consultora da Global Witness, expressou sua preocupação com a questão dizendo: “Os governos onde essas violações estão ocorrendo não estão agindo adequadamente para criar um ambiente seguro para os defensores e um espaço cívico adequado para que eles prosperem”.
América Latina é a região mais mortal
O relatório aponta que a América Latina tem sido a região mais perigosa para os defensores do meio ambiente. Cerca de 9 em cada 10 assassinatos registrados em 2022 ocorreram nessa região. A Colômbia foi o cenário de mais de um terço desses ataques. Em 2021, o Brasil foi considerado o país mais mortal para os defensores do meio ambiente pela Global Witness – hoje, está atrás apenas da Colômbia. O relatório também destacou os assassinatos do ativista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips na Amazônia brasileira em julho.
O relatório atribui essa escalada de tensões e ataques letais aos setores de agronegócio, mineração e exploração madeireira. Entre 2011 e 2021, mais de 10.000 conflitos relacionados a direitos de terra e territórios foram registrados somente na América Latina.
“O agravamento da crise climática e a demanda cada vez maior por commodities agrícolas, combustíveis e minerais só intensificarão a pressão sobre o meio ambiente – e sobre aqueles que arriscam suas vidas para defendê-lo”, escreveram os autores.
Disparidade nos relatórios
A Frontline Defenders, outra organização internacional de direitos humanos, divulgou um relatório semelhante no início deste ano. Ele também identificou a Colômbia como o país mais perigoso para os defensores do meio ambiente. No entanto, houve uma discrepância no número de mortes relatadas por ambas as organizações – a Frontline Defenders relatou 186 mortes, enquanto a Global Witness relatou 60. Bianchini explicou que as diferenças se devem a metodologias variadas usadas pelas diferentes organizações.
Apesar dessas diferenças, os dois relatórios concordaram em várias conclusões: Os povos indígenas constituem um número desproporcional de mortes entre os defensores do meio ambiente; a América Latina tem a maior incidência de violência; e o número real de assassinatos é provavelmente maior do que o relatado.
“Estou incrivelmente grato e impressionado por ver a luta de todas essas comunidades que vivem nessas áreas e que vêm agindo há milhares de anos para proteger a vida”, disse Bianchini.