Arqueólogos encontram a metade que faltava da estátua de Ramsés II

Leandro da Silva Monteiro
Parte superior da estátua de Ramsés II encontrada. Imagem: Ministério do Turismo e Antiguidades do Egito

Ramsés II foi um dos maiores faraós do Egito Antigo. Ele é conhecido por suas realizações monumentais da arquitetura egípcia, sua vasta quantidade de estátuas erguidas em sua própria homenagem, e seu papel proeminente na história militar do Egito que levou a várias conquistas territoriais durante seu reinado. Dentre os projetos de monumentos construídos por todo o Egito a mando de Ramsés II, inclui-se os templos de Abu Simbel, o Ramesseum – seu complexo funerário em Tebas – e as contribuições significativas para o templo de Karnak.

Ramessés II deixou um legado duradouro na memória do Egito Antigo pela forma como ele promoveu sua imagem como um deus-vivo através de propagandas e construções. Sua influência é vista em artes, estátuas e templos criados em sua homenagem e recentemente arqueólogos encontraram enfim uma relíquia do faraó procurada há quase um século. Bom, metade dela!

Em 1930 o arqueólogo, Günther Roeder, encontrou o que seria a metade inferior de uma estátua que representava Ramsés II. Segundo o próprio arqueólogo, a estátua quando completa deveria ter algo em torno de 7 metros de altura. 94 anos depois dessa descoberta que outro grupo arqueólogo foi capaz de encontrar a segunda metade que faltava. A parte superior da estátua do faraó Ramsés II foi descoberta próxima a cidade antiga de Hermópolis que fica a cerca de 250 quilômetros ao sul do Cairo.

A equipe que realizou a escavação que encontrou a parte superior perdida da estátua de Ramsés II foi formada por arqueólogos egípcios e americanos. O líder da missão foi Basem Gehad, um arqueólogo que trabalha para o Ministério Turismo e Antiguidades do Egito, que contou com a ajuda de Yvona Trnka-Amrhein,  professora assistente de clássicos da literatura grega na Universidade do Colorado em Boulder.

Além da busca por novos artefatos arqueológicos, a equipe também vinha  trabalhando na restauração da Basílica de Ashmunein. Essa foi uma basílica cristã construída durante o século VI e dedicada à imagem da Virgem Maria.

Feita em pedra, a segunda metade da estátua tem quase quatro metros e retrata Ramsés II usando uma coroa dupla e um cocar adornado com uma cobra real. A informação foi compartilhada pelo Ministério do Turismo e Antiguidades do Egito. O comunicado está em árabe e não possui uma versão em inglês. O Ministério também divulgou que no verso da estátua havia hieróglifos que apresentavam os vários títulos do faraó para glorificá-lo.

O reinado de Ramsés II ocorreu durante a 19ª dinastia do Egito Antigo. O império do faraó se estendia pelo que hoje é o território do Sudão até a Síria. Nesse período foi criada uma nova capital, Pi-Ramessés, na região de Qantir que ficava ao nordeste do Egito. Foi lá que Ramsés II conseguiu estabelecer um tratado de paz com os hititas, um povo indo-europeu que no II milénio a.C fundou um poderoso império na Anatólia central. O professor de história da Universidade de Memphis, nos Estados Unidos, conta no seu livro Ramsés II, o Faraó Supremo do Egito (em tradução literal do inglês) que o faraó propôs um casamento com uma princesa dos hititas para solidificar o tratado.

Depois de quase um século arqueólogos encontram a metade que faltava da estátua de Ramsés II
Estátua representando Ramsés II em Memphis. Imagem: Vyacheslav Argenberg -CC BY 4.0

Tanto no seu tempo em vida e até mesmo muito após sua morte, muitas estátuas foram levantadas em homenagem à figura e ao reinado de Ramsés II. Algumas delas se encontram no famoso templo de Abu Simbel, que fica no sul do Egito, e chegam a ter impressionantes 20 metros de altura. 

Após sua morte, o corpo de Ramsés II passou pelo processo de embalsamamento de acordo com as tradições egípcias. A múmia do faraó foi encontrada em 1881 e, segundo os relatos, ainda era possível reconhecer seu rosto tão bem que seu corpo fora conservado. 

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