O espaço é um lugar de muitos mistérios intrigantes que levam a descobertas surpreendentes. Recentemente cientistas encontraram um buraco negro no centro de uma galáxia que consome o equivalente a um sol por dia. Além disso temos as descobertas do Telescópio Espacial James Webb que está sempre conseguindo dados incríveis a respeito do nosso universo como suas primeiras galáxias. Há pouco mais de dois anos encontramos a maior galáxia já observada da história. Agora os astrônomos descobriram uma galáxia sem estrelas e, o que é mais curioso, foi completamente por engano.
Tal descoberta ocorreu na Virgínia Ocidental, centro-leste dos Estados Unidos, por um grupo de astrônomos que trabalha no Observatório de Greek Bank. Eles encontraram o que poder ser uma galáxia primordial – galáxias que teriam se formado algumas centenas de milhões de anos após o Big Bang – que é constituída por uma massa inalterada de gás hidrogênio frio e que ainda não formou estrela alguma. Esses tipos de galáxias já foram registradas anteriormente, chamadas de galáxias escuras por terem poucas ou nenhuma estrela e contendo gases, poeira interestelar e matéria escura.
O objeto ainda não foi confirmado como sendo um galáxia escura, porém caso isso aconteça representará uma importante oportunidade para os pesquisadores poderem estudar os estágios iniciais da evolução de uma galáxia. Karen O’Neil, astrônoma no Observatório de Green Bank e líder de uma pesquisa que estava sendo conduzida durante a descoberta, disse que já estava há décadas esperando encontrar uma galáxia desse tipo.
Como foi encontrada a galáxia sem estrelas
Como relata a equipe, a primeira pista que tiveram de algo incomum no achado foi a discrepância dos dados coletados pelo telescópio do Observatório de Green Bank e da Rádio Observatório Nançay, que fica na França. Ambos estavam observando o mesmo pedaço do céu para fazer um levantamento coordenado das galáxias. Contudo a equipe do Green Bank reparou que estava vendo algo que a equipe francesa não estava.
Levou-se algum tempo examinando as divergências até que O’Neil e seus colegas percebessem que haviam digitado as coordenadas erradas para o telescópio. A astrônoma revelou isso numa coletiva para a imprensa americana e acrescentou que esse tipo de erro é comum de acontecer com pesquisadores, principalmente quando trabalham muito à noite.
Só que dessa vez o engano acabou levando a um resultado positivo. As observações que o telescópio de Green Bank fez indicavam que naquela região das coordenadas havia uma nuvem de gás que tinha o tamanho de uma galáxia espiral, que possui bilhões de sóis dentro dela, girando numa velocidade próxima da velocidade da Via Láctea, a nossa galáxia. O que foi curioso para equipe no momento é que os levantamentos sobre a luz visível do objeto não revelavam nada.
Reavaliando os dados, a equipe de O’Neil concluiu que não havia nada ali naquela região, o que pode ser indicativo para a descoberta de uma galáxia primordial. Por ser uma galáxia feita exclusivamente de gás muito espalhado, ela ainda não tem gravidade o bastante para atrair uma estrela. Por enquanto a galáxia sem estrelas recebeu o nome de J0613+52, estando a 270 milhões de anos-luz de distância da Terra. O J0613+52 também está afastado de qualquer outra galáxia e por isso não teria possibilidade de se agrupar e formar suas estrelas.
Galáxias sem estrelas ainda são muito raras
Tais galáxias escuras são raras. Alguns levantamentos anteriores foram feitos pelo Observatório de Arecibo, em Porto Rico, encontrando algumas galáxias compostas de hidrogênio neutro e também a Dragonfly 44, uma galáxia composta virtualmente apenas de matéria escura. Por conta dessa raridade que a astrônoma Karen O’Neil decidiu seguir a descoberta com cautela. Ainda existe possibilidade do J0613+52 não se tratar de uma galáxia primordial escura, porém é um excelente candidato.
Para os próximos passos, a equipe do Observatório de Green Bank pretende confirmar a natureza daquela galáxia. Eles estão aguardando a aprovação para apontar um telescópio óptico naquelas mesmas coordenadas e deixá-lo operando por várias e várias horas. Caso o telescópio não detecte nada, isso irá confirmar a descoberta de O’Neil e seus colegas.
