Morcego é o primeiro mamífero conhecido a se reproduzir sem penetração

Elisson Amboni
Imagem: Alona Shulenko CC BY-SA

Os morcegos serotinos, conhecidos cientificamente como Eptesicus serotinus, exibem uma característica reprodutiva no mínimo, peculiar: um pênis que desafia as convenções e que não cabem na vagina das fêmeas.

Os morcegos E. serotinus possuem órgãos genitais sete vezes maiores do que seria funcional para a anatomia das fêmeas. Essa desproporção criou um desafio único para a reprodução sexual, levando a comportamentos acasalatórios inusitados: Eles são os únicos mamíferos conhecidos por fazerem sexo sem penetração, revelou um novo estudo publicado na revista Current Biology.

“Por acaso, observamos que estes morcegos têm um pênis desproporcionalmente longos e estávamos sempre nos perguntando ‘como é que isso funciona?’”, disse o primeiro autor Nicolas Fasel, da Universidade de Lausanne, num comunicado

“Pensamos que talvez fosse como no cão, onde o pênis se enche após a penetração, de modo que eles ficam presos juntos, ou alternativamente, talvez eles simplesmente não conseguissem colocá-lo dentro, mas esse tipo de cópula não foi relatado em mamíferos até agora”, completou ele.

A equipe relatou que, curiosamente, os morcegos serotinos conseguem uma ereção quando anestesiados, facilitando a medição e estudo de seus órgãos genitais. Este fenômeno não é exclusivo desta espécie, sendo compartilhado por outros morcegos vesperianos.

Foto de um morcego serotina
Imagem: Olivier Glaizot CC BY-SA

Através da observação de 97 eventos de acasalamento, capturados em vídeo, os pesquisadores descobriram que os machos não realizam penetração durante o acasalamento. Em vez disso, eles utilizam seus pênis eretos de maneira semelhante a um braço para fazer contato com a vulva da fêmea.

Este método alternativo de acasalamento pode ser uma adaptação para superar as membranas de proteção nas caudas das fêmeas, que servem para evitar a atenção indesejada dos machos.

 “Os morcegos usam as membranas da cauda para voar e capturar os insetos, e as fêmeas também as usam para cobrir as partes inferiores e se proteger dos machos”, diz Fasel, “mas os machos podem então usar esses pênis grandes para superar a membrana da cauda e alcançar a vulva.”

Os episódios de acasalamento podem ser extensos, durando entre uma hora até 12 horas, após os quais os abdômens das fêmeas parecem molhados, sugerindo a troca de sêmen. Mais estudos são necessários para confirmar essa hipótese.

Agora os pesquisadores estão desenvolvendo uma “caixa pornográfica de morcegos”, que funcionará como um aquário equipado com câmeras, para facilitar o estudo contínuo desses comportamentos de acasalamento.

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