James Webb revelou corpos celestes misteriosos na nebulosa de Orion

Rafael Motta
Imagem: CNN Brasil

No aglomerado Trapézio, na nebulosa de Orion, o telescópio James Webb foi capaz de localizar dezenas de corpos celestes parecidos com planetas. Intitulados JuMBOs, eles teriam massa semelhante à de Júpiter, o maior planeta do nosso Sistema Solar.

Curiosamente, estes objetos espaciais estão vagando pela galáxia em pares ligados gravitacionalmente – como se isso fosse algo comumente observado pela comunidade científica. Esse definitivamente não é o caso.

A descoberta foi anunciada pelos astrônomos Samuel Pearson e Mark McCaughrean, membros da Agência Espacial Europeia.

James Webb trouxe perguntas curiosas

A teoria mais aceita sobre o nascimento de planetas é a da acreção. Ela ocorre em torno de uma protoestrela, ou seja, de uma estrela ainda em estágios iniciais de formação. Protoestrelas são formadas por meio de nuvens moleculares (formadas principalmente por gases e poeira).

Estes gases e poeira se concentram ao longo do tempo; os grãos de poeira começam a se juntar, formando rochas que se juntam com outras para formar planetas. Essa formação planetária ocorre na região interna do disco protoplanetário, onde a temperatura é mais elevada (formando seu núcleo). 

Porém, o que o James Webb encontrou traz um questionamento curioso: a descoberta de objetos semelhantes a planetas que não são ligados a nenhuma estrela foram formados de que maneira? 

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Imagem: NASA/ESA/CSA/McCaughrean, Pearson

Esta descoberta mostra que nosso entendimento sobre a formação dos astros pode estar bastante equivocado. Compreender de onde tais corpos celestes vieram e aprender mais sobre a sua formação pode mudar por completo a forma como passaremos a estudar sobre a formação de novos planetas e galáxias.

Exoplanetas errantes?

Uma das teorias que podem explicar tal fenômeno é a presença de exoplanetas errantes: planetas fora de nosso Sistema Solar que vagam sem direção ao redor da galáxia, uma vez que se desprenderam de suas estrelas.

Exoplanetas costumam ser muito difíceis de encontrar, pois quase sempre estão muito distantes e não emitem luz própria. Apesar disso, a presença de objetos de massa planetária flutuando por Orion não é novidade para os cientistas.

O telescópio tem dificuldades para fazer leituras de objetos muito pequenos na região, pois o fundo de Orion é muito brilhante. Além disso, os corpos celestes encontrados são relativamente frios e parte de sua luz está no infravermelho térmico.

Entretanto, tendo em vista que o James Webb foi especificamente construído para detectar luz infravermelha, agora podemos conferir algumas das imagens mais detalhadas já feitas da nebulosa de Orion.

“A física diz que você não pode nem mesmo criar objetos tão pequenos. Queríamos ver: podemos quebrar a física? E eu acho que conseguimos, o que é bom”, disse McCaughrean ao The Guardian.

De toda forma, o telescópio James Webb não para de impressionar tanto cientistas como entusiastas da astronomia com suas descobertas.

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