A inteligência dos corvos não é novidade: contudo, um estudo promovido pela Universidade de Tubinga, na Alemanha, afirma que essas aves impressionam por conta de sua capacidade de processar lógica estatística.
Por conta de certas características inerentes à espécie, como um cérebro relativamente grande para o seu tamanho e um prosencéfalo (a parte mais anterior do cérebro) mais proeminente, os corvos foram capazes de tomar decisões inteligentes para facilitar sua subsistência, como usar galhos para extrair animais da casca de árvores, por exemplo.
Os estudiosos, inclusive, compararam a inteligência destas aves à de uma criança de 7 anos. Trata-se de um QI similar ao do Border Collie, considerado o cão mais inteligente do mundo, comparado ao de uma criança de 6 a 8 anos.
Metodologia do estudo
Dois corvos tinham de escolher entre duas imagens diferentes; cada escolha levava a uma recompensa distinta. Vários símbolos abstratos foram apresentados aos animais ao longo de 5.000 tentativas.
O objetivo, segundo Melissa Johnston, uma das responsáveis pelo estudo, era descobrir se os animais seriam capazes de descobrir sozinhos como descobrir a imagem mais recompensadora.
Com o tempo, a dupla emplumada foi capaz de associar os padrões de imagens corretamente às recompensas mais interessantes, para surpresa do time de pesquisa.
Trata-se de um conceito chamado “inferência estatística”: de maneira resumida, ele representa a capacidade de uma espécie de trabalhar com recursos limitados, tirar conclusões e tomar decisões acertadas.
Corvos fazem contas?
Além de utilizarem ferramentas para facilitar a vida, os corvos também são capazes de realizar funções matemáticas básicas, como adição e subtração. Kaeli Swift, pós-doutora em comportamento de aves da Universidade de Washington, apesar de não ter participado do estudo, fez a seguinte consideração:
No esquema do mundo natural, muito poucos animais são demonstrados a possuir muito em termos de inteligência matemática (além da discriminação numérica básica) – coisas como competência numérica, compreensão da aritmética, pensamento abstrato e representação simbólica.
Por conta destas características, os corvídeos ocupariam uma posição “muito especial” dentro do reino animal, segundo Swift.
Grande poder de adaptação
Os corvídeos são também conhecidos por suas capacidades de adaptação em meios urbanos. Eles fazem uso de construções humanas, assim como túneis, para se manterem aquecidos durante o inverno, por exemplo.
Isso se deve ao fato de estas aves serem capazes de processar raciocínios lógicos complexos, muito pouco vistos em outras espécies.
Johnston afirma que, embora os corvos não sejam inteligentes a ponto de “construir suas próprias cafeterias”, é por conta de sua poderosa capacidade de inferência estatística que eles são capazes de se adaptar em ambientes bastante diversificados, muitas vezes ocupados por humanos.