Explosão Cambriana pode não ter acontecido, revela novo estudo

Pesquisadores acreditam que a diversificação da vida ocorreu de forma mais lenta e gradual, ao longo de 100 milhões de anos.

Elisson Amboni
Imagem: Alamy

A explosão cambriana, que ocorreu há cerca de 540 milhões de anos, tem sido tradicionalmente vista como um evento marcante no desenvolvimento da vida na Terra.

No entanto, um artigo publicado na revista Palaeo3 sugere que essa visão pode ser simplista demais e que a rápida diversificação da vida durante esse período não pode ser considerada uma “explosão”.

Thomas Servais, da Universidade de Lille, e seus colegas argumentam que os dois “Big Bangs” evolutivos — a “Explosão Cambriana” e a “Grande Biodiversificação Ordoviciana” — na verdade fazem parte de uma única fase de diversificação que se estendeu do Pré-Cambriano até o fim do Siluriano, durando pelo menos 100 milhões de anos.

“Nenhum ‘evento’ em particular se destaca durante esse período”, afirmam os pesquisadores.

Viés nos dados disponíveis

A separação desses dois eventos na literatura científica atual pode ser resultado de um viés nos dados disponíveis. Os bancos de dados em paleobiologia são incompletos, especialmente para o período que marca o fim do Cambriano.

Além disso, enquanto alguns grupos fósseis são amplamente estudados, outros recebem pouca atenção, assim como as áreas geográficas.

Quando a evolução da biodiversidade é considerada de forma mais global, a impressão de dois eventos distintos desaparece. Em vez disso, os cientistas propõem o uso de termos mais comedidos e menos sensacionalistas, como “radiação” ou simplesmente “biodiversificação”, para descrever esse período crucial na história da vida terrestre.

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