Borboletas amazônicas ganham nomes de vilão de “O Senhor dos Anéis”

SoCientífica
Imagem: Royal Entomological Society/New Line Cinema
Destaques
  • A nomenclatura serve para chamar a atenção para grupos subestimados e criar um convite para a descoberta de novas espécies.
  • A pesquisa, que envolveu o sequenciamento genético, revelou a descoberta de até 20% mais espécies do que se conhecia anteriormente.

Batizadas em homenagem a Sauron, o vilão emblemático de ‘O Senhor dos Anéis’, duas novas espécies de borboletas foram recentemente descobertas. Saurona triangula e Saurona aurigera, com suas asas traseiras laranjas ardentes e olhos escuros, são as estrelas de um estudo publicado na revista Systematic Entomology em 10 de abril.

A coautora do estudo e curadora sênior de borboletas do Museu de História Natural de Londres, Blanca Huertas, revelou a inspiração por trás da escolha dos nomes, ressaltando o privilégio e a raridade de poder nomear dois gêneros simultaneamente. Com esse ato, ela afirma, estamos chamando a atenção para um grupo subestimado e criando um convite para a descoberta de novas espécies.

Saurona triangula e Saurona aurigera, no entanto, não são as únicas a ostentar o nome do antagonista de JRR Tolkien. De dinossauros a insetos, diversos animais já foram nomeados em homenagem a Sauron, assim como outros personagens da trilogia. Até mesmo a trágica figura de Gollum deu seu nome a peixes e vespas, mostrando como a fantasia pode inspirar a ciência.

Estas borboletas Saurona, encontradas no sudoeste da floresta amazônica, fazem parte do grupo Euptychiina, um conjunto difícil de distinguir apenas por suas características físicas. Os pesquisadores recorreram ao sequenciamento genético para diferenciar as espécies, um trabalho que levou mais de uma década e envolveu a avaliação de mais de 400 espécies diferentes de borboletas.

A pesquisa revelou também outros novos gêneros, como o Argenteria, cujo nome foi inspirado pelas escamas de prata em suas asas. Blanca e sua equipe estimam que descobriram até 20% mais espécies do que havia antes do início do projeto. E acreditam que ainda há mais à espera de serem descobertas.

Essa jornada, embora desafiadora, é crucial para a compreensão e a proteção de espécies ameaçadas de extinção. Como Blanca destaca, “há muito o que fazer agora para darmos um nome a elas”, ressaltando a urgência e a importância desse trabalho.

O estudo foi publicado na revista Systematic Entomology.

Compartilhar