A Ilusão Asahi, que brinca com a percepção humana de brilho, também parece afetar ratos, sugerindo que a relação entre a percepção e o tamanho da pupila teve origem em estágios iniciais da evolução dos mamíferos.
A ilusão é composta de formas semelhantes a pétalas em torno de um centro branco, com pétalas amarelas próximas ao centro e pretas nas bordas. Essa combinação faz com que o centro branco pareça mais brilhante do que realmente é.
Reflexo pupilar e a proteção da retina
A maioria das pessoas é afetada por essa ilusão, de acordo com Nelson Totah, pesquisador da Universidade de Helsinque, na Finlândia. A ilusão causa a contração das pupilas quando o cérebro acredita que estamos olhando para algo muito brilhante. Essa reação, conhecida como reflexo pupilar, ajuda a proteger a retina da luz intensa.
“Regiões cerebrais de nível superior podem controlar esses reflexos de nível inferior, e queríamos verificar se essa capacidade era exclusiva dos seres humanos”, explica Totah. Para isso, o pesquisador e sua equipe expuseram 14 ratos à Ilusão Asahi e monitoraram suas pupilas, constatando que as pupilas dos animais se contraíram de maneira semelhante às dos humanos.
A conexão mente-corpo em animais
Os resultados sugerem que os processos mentais dos ratos podem influenciar o tamanho da pupila, de acordo com Totah. “Isso nos oferece uma nova perspectiva sobre a conexão mente-corpo em animais”, afirma o pesquisador. No entanto, Totah ressalta que ainda não sabemos se os ratos percebem a imagem como mais brilhante do que realmente é, da mesma forma que os humanos. “Não podemos perguntar aos ratos o que eles pensam”, diz ele. “Tudo o que podemos dizer é que essa ilusão, que parece subjetivamente brilhante para os seres humanos e causa constrição pupilar em humanos, também o faz em ratos.”
Totah acredita ser razoável supor que os mecanismos cerebrais desencadeados por essa ilusão em humanos também estejam presentes em ratos, o que indica que a capacidade do cérebro de controlar o reflexo pupilar surgiu mais cedo na evolução dos mamíferos do que se pensava anteriormente. “Mas eu não tenho ideia de por que essa habilidade evoluiu”, admite ele.
A opinião de outros especialistas
Nilli Lavie, pesquisadora da University College London, não se surpreende com a descoberta de que os efeitos da ilusão de brilho no tamanho da pupila também estão presentes nos ratos. “Faz sentido, pois os animais também precisam utilizar pistas sobre brilho e contraste para navegar em seus ambientes”, afirma ela.
Lavie destaca que a vantagem de identificar essa habilidade em ratos é que os pesquisadores agora podem investigar mais facilmente os neurônios envolvidos nessa ilusão e determinar como isso resulta em uma mudança na função corporal.
“Espero que, ao estudar diferentes tipos de conexões mente-corpo, possamos começar a compreender alguns princípios gerais que a mente utiliza para afetar o corpo”, declara Totah.