Um novo estudo mostra que os cães de Chernobyl possuem uma genética distinta se comparados aos cães que vivem em regiões mais distantes.
Por décadas, cientistas tentam descobrir como a radiação a Chernobyl pode ter afetado a vida selvagem. Por isso, o estudo desses animais se tornou importante para a comunidade científica pois mostra que existe uma diferença genética nesses cães.
Para isso, se tornou fundamental conhecer os antecedentes genéticos dos cães de Chernobyl, pois eles podem mostrar qualquer alerta de radiação.
Cães de Chernobyl vivem na zona de exclusão
A Zona de Exclusão de Chernobyl compreende a região que foi contaminada com uma nuvem radioativa após um dos reatores da usina nuclear de Chernobyl ter explodido em 1986 e causado um dos maiores desastres na região.
Diversas pessoas ficaram feridas e outras morreram, mas não se sabe muito sobre como os cães sobreviveram após o acidente nuclear.
Hoje a região conta com cerca de 800 animais abandonados, que são alimentados por trabalhadores da limpeza de Chernobyl e turistas. Alguns deles vivem entre as instalações de processamento de combustível enquanto outros ficam à sombra do reator em ruínas.
Mas, Timothy Mousseau, ecologista evolutivo da Universidade da Carolina do Sul, em Columbia, encontrou os cães de Chernobyl em 2017, em uma viagem com o Clean Futures Fund, uma organização que cuida de animais.
Desde então, Timothy voltou ao local mais de 50 vezes para estudar os cães de Chernobyl e coletar amostras de sangue e assim analisar o seu DNA.
Com isso, eles puderam diferenciar seus genes de outros cães mais distantes da zona, além de ter distinguido as populações de cães de Chernobyl. A geneticista Elaine Ostrander disse que “na verdade, existem famílias de cães criando, vivendo e existindo na usina”.
As 3 populações de cães
São aproximadamente mais de 800 cães que vivem nos arredores de Chernobyl, e eles se dividem em três populações distintas, apesar do estudo ter mostrado que eles podem ter laços de parentesco.
A primeira população vive na usina, a segunda na cidade de Chernobyl e a terceira fica em Slavutych, uma área menos contaminada que está há cerca de 45 quilômetros de distância de Chernobyl.
Essas populações foram identificadas com a ajuda de Gabriella Spatola, uma estudante de doutorado que analisou as amostras de sangue de 302 cães de Chernobyl nas 3 populações.
Com esse material, Gabriella e Timothy puderam identificar as populações e o parentesco genético entre eles, mostrando que os cães se movimentam nas regiões e se reproduzem entre eles.
Cães de Chernobyl tem genética diferente de outros cães
Além de ter identificado as populações, também foi possível comparar as amostras com outros cães, mostrando que os cães de Chernobyl são diferentes daqueles que ficam na Ásia, Oriente Médio e Europa Oriental.
Mas, o que o estudo mostra de interessante para o futuro é que essas populações de cães de Chernobyl foram expostos a diversos níveis de radiação.
Agora os pesquisadores buscam realizar estudos extensos para encontrar variantes genéticas que se concentraram por mais de 30 anos em Chernobyl.