Mapa do nosso DNA está finalmente completo. Descubra o que isso significa

Letícia Silva Jordão
Imagem: Unsplash

O mapa do nosso DNA finalmente foi concluído após mais de duas décadas de pesquisa para mapear o genoma humano, sendo que cerca de 8% do material era indecifrável com a tecnologia utilizada anteriormente.

Jonas Korlach, diretor científico da Pacific Biosciences, a empresa que proporcionou a tecnologia para descobrir os 8% faltantes, relatou que se a genética fosse uma história de detetive, “as páginas onde você descobriria quem é o assassino estariam faltando”.

Na mesma linha, Michael Schatz, professor de ciência da computação e biologia na Universidade Johns Hopkins que também participou da pesquisa, disse que completar as peças finais do mapa do nosso DNA era como adicionar o continente africano a um mapa que não o possuía.

Na última quinta-feira (31/03), diversos cientistas publicaram seis artigos na revista Science que preenchem algumas lacunas sobre o genoma humano. 

“De certa forma, essas publicações podem ser consideradas a tão esperada cerimônia de encerramento” disse o Dr. Erich Green, diretor do Instituto Nacional de Pesquisa do Genoma Humano dos Institutos Nacionais de Saúde, sobre o Projeto Genoma Humano, iniciado em 1985 e que pode estar próximo de um final bem sucedido.

Tecnologia que ajudou a decifrar o mapa do nosso DNA

O genoma de uma pessoa é composto pelo conjunto completo de sequências de quatro pares de bases de nucleotídeos, que foram simplificados pelas letras A, C, T e G. 

Inicialmente, os pesquisadores descobriram que havia cerca de 3 bilhões desses pares de letras no genoma humano, porém ainda faltavam seções de cinco cromossomos, principalmente nas áreas em que possuíam muitas sequências genéticas repetidas.

Com a tecnologia utilizada anteriormente no Projeto Genoma Humano, os pesquisadores só conseguiram mapear cerca de 500 pares de letras por vez, mas com a tecnologia recente, foi possível realizar a leitura de cerca de 100.000 pares por vez para identificar as repetições

Essa leitura mais longa permitiu que os cientistas pudessem escutar o que acontece na natureza, segundo relatou Korlach.

A importância do mapeamento do genoma humano

Ter o mapa do nosso DNA finalmente mapeado é algo que pode ajudar os cientistas em pesquisas futuras, já que essas informações conseguem explicar como os humanos se adaptaram e sobreviveram a doenças, o que torna o cérebro humano, como nosso corpo elimina toxinas, de que forma as pessoas respondem às drogas, entre outras explicações.

Segundo Evan Eichler, um geneticista na Escola de Medicina da Universidade de Washington, o estudo “nos permitirá entender melhor como nos formamos como um organismo individual e como variamos, não apenas entre outros humanos, mas entre outras espécies.”

Com o mapeamento feito, é possível estudar melhor a influências que as repetições do DNA provocam no organismo humano e que geram doenças relacionadas a divisão das células, como a síndrome de Down, que ocorre quando as crianças nascem com um cromossomo extra, levando a desafios intelectuais e físicos além de uma curta vida útil.

O desenvolvimento do mapa do nosso DNA levou quatro anos e custou vários milhões de dólares, representando com seus resultados um grande marco que deve ser comemorado.

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